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Popular ou elitista: a diferença está no bolso de quem paga

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

“O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia?” Alegria, Alegria – Caetano Veloso, 1968

Na década de 60, Caetano já desconfiava que a gente tinha notícias demais para ler. Mais de meio século depois, cada um de nós tem nas mãos não só uma banca de revista digital e particular, como também a programação de 100 salas de cinema, inúmeros canais de televisão, bibliotecas inteiras, um sem fim de estações de rádio e, praticamente, todos os discos já lançados na história da música mundial. Uma alegria e muita preguiça. Quem lê, assiste, escuta, entende e acompanha tanta notícia?

Propositalmente, essa coluna será curta. Sem notícias. Sem propostas. Sem perguntas.

Constantemente, acompanho certas discussões sobre o que seria “conteúdo elitista” em comparação com produtos da indústria cultural destinados às massas, “conteúdo popular”. Por extensão, o raciocínio segue assim: consome-se conteúdo popular e aprecia-se conteúdo elitista. Em resumo, pois hoje não estou para divagações longas: nessas discussões, o que demarca a “diferença” entre ambos é o produto em si – seu formato e conteúdo. Exemplo: BBB é popular, é “farofa”, todo mundo assiste, não precisa pensar muito, é do “povão”. Em contrapartida, livros de poesia são elitistas, porque são “finos”, demandam tempo e atenção para serem entendidos, é conteúdo para poucos, para “iniciados.” Uma bobagem que seria pueril se não fosse manipulação descarada. A versão moderninha e desinformada que segue repetindo que a inteligência do pobre (sempre maioria) é limitada e que o rico é culto e sabido.

Porém, a essencial diferença entre os produtos culturais comparados raramente é mencionada: não devemos comparar e hierarquizar intelectualmente a audiência, os consumidores, mas sim nos atentarmos para quem paga e quanto custam para serem produzidos os diferentes produtos.

Quanto maior o alcance de um filme, livro, programa de televisão ou banda musical, mais dinheiro foi investido em sua produção, distribuição e comercialização. O óbvio ululante. As obras que dispõem de pouco investimento mal são vistas, lidas e ouvidas. Muitas morrem cedo, desconhecidas, apagadas, ignoradas.

Resumo: elitista é o que é consumido pelas massas, porque foi pago pelas elites, pelos grandes empresários, pelo dinheiro dos lucros. O que é consumido por poucos (ou por ninguém) é popular porque foi pago pelo dinheiro ganho com trabalho, por dinheiro público das leis de incentivo à cultura, por ações solidárias e por voluntários. Sempre válido lembrar do bom e velho “follow the money” – siga o dinheiro.

BBB é elitista. É um programa que retém a atenção de um país inteiro por mais de três meses porque custa bilhões e gera lucros estratosféricos. Livros independentes são populares porque não recebem patrocínio, não anunciam produtos, não arrecadam milhões e são feitos por pessoas que não têm um milésimo do poder e da grana que os grandes conglomerados empresariais têm. “Mas assistir BBB é de graça, está na TV aberta e livros desconhecidos eu preciso comprar!” Elementar, meu querido leitor: quando você compra um livro pouco divulgado nas mídias, você é o comprador e o produto é o livro. Quando investem rios de dinheiro e cooptam sua atenção e adoração absoluta durante meses sem que você precise pagar nada, eles são os compradores e o produto é você.

A capacidade individual para se sentir atraído e apreciar qualquer que seja o produto cultural mais elaborado, ou “difícil” de entender – livro, música ou filme – depende muito mais da exposição da pessoa, ao longo da vida, ao universo artístico e literário, da qualidade da sua vida escolar e da sua sensibilidade e necessidade de contato com o sublime do que dos mecanismos que regem as engrenagens da indústria cultural. Estão interligados, é claro, mas é favor não confundir alhos com bugalhos.

Na dúvida, faça um bolo, regue as plantas, tome um sol. Tanto a audiência passiva quanto a contemplação ativa cansam. Ninguém precisa entender de arcadismo para agir como os árcades agiam: de vez em quando, fugir para as montanhas e se esconder da sociedade do espetáculo faz bem pra cabeça.

 

Olivia Batista de Avelar. Professora de inglês, pós graduada em filosofia, apaixonada por cinema e escritora
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