Na noite desta quarta-feira (15), a Câmara Municipal de Cachoeiro ficou lotada para uma audiência pública que durou quatro horas e trinta e sete minutos, terminando quase à meia-noite.
Mais de 100 pessoas se reuniram para ouvir o prefeito Victor Coelho, que detalhou o projeto de um empréstimo internacional de cerca de R$ 250 milhões e respondeu às perguntas da comunidade.
Victor Coelho iniciou a sessão com uma detalhada explanação sobre a situação financeira do município e o projeto em questão.
Situação financeira e projeto
O prefeito Victor Coelho forneceu um histórico das receitas da prefeitura nas últimas décadas, destacando empréstimos anteriores feitos pelo município. Segundo ele, sua gestão já pagou mais de R$ 71 milhões em parcelamentos de dívidas e operações de crédito contratadas por administrações anteriores.
Coelho esclareceu que, caso o novo empréstimo seja aprovado, os pagamentos começariam em 2030 e os recursos seriam destinados ao município em cinco ou seis parcelas.
Coelho ressaltou que o município possui hoje um portfólio de projetos prontos no valor de R$ 977 milhões, que podem ser executados com recursos próprios, convênios, emendas parlamentares ou operações de crédito.
Ele destacou as vantagens do empréstimo, apontando que a taxa de juros seria de 4,55% ao ano, significativamente menor do que a oferecida pela Caixa Econômica Federal, que é de 13,88% ao ano.
Interrupções e polêmicas
Num dos pontos polêmicos da audiência manifestantes interromperam a fala do prefeito, reclamando do tempo de sua apresentação. Coelho respondeu: “Se não quiser participar, seja bem-vindo e pode ir embora. Esse aqui é o projeto, eu estou apresentando o projeto”.
O presidente da Câmara, Brás Zagotto, precisou se manifestar para que o prefeito pudesse continuar sua fala.
Durante as quatro horas e trinta e sete minutos da audiência, aproximadamente 20 pessoas utilizaram a tribuna para questionar o prefeito, incluindo o deputado estadual Wellington Callegari.
Em resposta ao deputado, que alertou sobre outros empréstimos que o município já paga e questionou a capacidade do município de honrar esse novo financiamento, o prefeito lembrou que todas as atuais dívidas se encerram em 2030, que é quando começará a ser pago o novo empréstimo, já que tem seis anos de carência. Afirmou ainda que segundo a Secretaria de Tesouro Nacional, que é o avalista, o município é capaz de fazer o pagamento.
Também fizeram questionamentos o vereador Léo Camargo e o ex-secretário de Vitória, Diego Libardi, ambos pré-candidatos à prefeitura.
A maioria das manifestações foi contrária ao projeto. Um dos participantes chegou a apelar ao presidente da Câmara para arquivar a matéria.
“Mostrei as condições e a realidade financeira do município. As obras são necessárias para a cidade, como macrodrenagem, mobilidade, áreas de lazer e geração de emprego. Se temos condições, por que não buscar mais uma alternativa que são as operações de crédito?”, defendeu o prefeito.
O presidente da Câmara, Brás Zagotto, também comentou sobre a audiência: “Convidamos o prefeito, ele veio, trabalhou, explicou e mostrou o projeto. Ouvimos várias entidades e mais de 25 pessoas se inscreveram para fazer perguntas ao prefeito.
Segundo Brás, o projeto está na Procuradoria da casa e, após isso, passará pelas comissões de Justiça e Redação, Finanças e Orçamento antes de ir para votação. “Esperamos que esteja pronto para ser votado até meados de junho”, disse.
