Porta-vozes dos caminhoneiros que trabalham no transporte rochas vão se reunir na tarde desta quarta-feira (14) com representantes do Ministério Público Federal (MPF), do governo do Estado, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do sindicato patronal, o Sindirochas, para discutir as reivindicações da categoria, em greve desde a última segunda-feira.
Os trabalhadores exigem a padronização de normas para o transporte de cargas. O encontro está marcado para as 16 horas, na sede da PRF, em Vitória.
A informação foi dada por Bira Nobre, porta-voz da categoria, que afirmou que foram convidados, ainda, representantes do Inmetro e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ele acrescentou que os caminhoneiros continuam parados em cinco pontos de concentração em Cachoeiro (Rodovia do Frade), um em Baixo Guandu e um em Colatina.
“Essas cidades concentram o maior número de caminhoneiros. Só em Cachoeiro, são 12 mil autônomos. Metade está em Cachoeiro e metade está viajando. Existem trabalhadores que estão cooperando em casa, fazendo uma espécie de greve branca. A adesão tem sido boa”, avaliou.
Bira afirmou que “não é contra a fiscalização, mas sim contra a perseguição”, citando que há falta de uniformização nas normas.
Estradas
Estradas de Vargem Alta, Atílio Vivácqua e Castelo também registraram paralisações. As pistas das rodovias de todas elas, no entanto, não foram bloqueadas.
Os caminhoneiros reivindicam que a fiscalização da amarração das rochas nas carretas seja padronizada, além de uma definição para a forma correta de travamento dos cavaletes e liberação de licença para a utilização de nove eixos. Os motoristas também cobram um maior controle nas pedreiras para combater a fabricação de blocos fora do padrão. Eles querem ainda participar de reuniões para discutir estes tipos de mudanças.
Depoimentos
Caminhoneiros com longo tempo de estrada, Adjelto Luís, 49, Alan Dias Parada, 49, Renato Merçon de Lima, 43, relatam os impasses vividos no cotidiano da profissão.
“Na nossa categoria, como transportador de rochas, a gente paga R$ 650 por ano para vistoria da carreta. Aí eles [os órgãos, como o Inmetro] aprovam. Daqui a pouco você coloca um bloco de granito, e a PRF aqui em Safra faz a abordagem com uma situação. Depois você passa em Floresta e é de outra maneira. Viana é de outra maneira. Na Serra é de outra maneira. Então a gente queria que eles tivessem uma padronização na fiscalização. Eles estão exigindo que a gente tire os pranchões debaixo do bloco de granito. Não tem condições. Aí que pode causar mais acidentes ainda. A gente não está querendo muita coisa não, é coisa simples. É só eles olharem para o lado da gente, as necessidades, as dificuldades por que o motorista de caminhão passa. São pais de família, são filhos”, disse Adjelto.
Já Alan reforçou que a “paralisação tem prazo para acabar, depende dos órgãos” envolvidos. “A gente quer é eles tenham a noção do que acontece. Queremos que a PRF vá à pedreira ver como é o carregamento, como desce na pedreira, como a chapa é amarrada. Às vezes a gente culpa a PRF, mas ela está cumprindo o dever dela. A gente quer andar na lei certa. A paralisação só depende de eles pararem de perseguir e dizerem o que a gente deve fazer. Ninguém hoje sabe o que fazer. Cada um interpreta a lei de um jeito.”
E Renato complementa: “A gente tá [sendo tratado] pior que bandido. Andar de madrugada, escondido… Não precisa disso”.
Sindirochas
Procurado pela reportagem na última segunda (12), o Sindirochas informou, por meio de nota, que “vem atuando incansavelmente na realização de ações destinadas à divulgação da Resolução 354/2010 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que regulamenta o transporte de rochas ornamentais no país, ao mesmo tempo que busca soluções para adequação da legislação e dos meios de transporte para as rochas ornamentais”.