Sozinha

Como é difícil lidar com o desconhecido

Saber que, quem você achava que te conhecia melhor que ninguém,

na verdade, vê o mapa traçado do avesso.

A curva do seu sorriso morre por um instante

Os olhos brilham cheios de uma emoção decepcionante e tão dolorosa que tira

seus sentidos

Dali em diante, todos os planos serão questionados,

todas as tarefas do dia perdem o sabor e o sentido

Você deixa de sair de casa, você se pega escolhendo as roupas mais largadas

e as músicas mais tristonhas

Os sons do silêncio são um acalento necessário

O mundo parou pra você

O dia acabou pra que você pudesse sofrer no escuro

Sozinha

Como sempre fora.

Desfeita

Você foi o maestro da minha orquestra de lágrimas

O letrista dos gritos presos em minha garganta

O diretor das cenas onde eu vi o fim

Escrevo aqui, poças cor de cristal formando-se em mim,

Dor assim, nunca existiu, nunca conheci

Até você chegar

Prometendo o Olimpo e o Submundo, dizendo que era Aquiles,

mas sua fraqueza era eu

E você se livrou dela tal qual amputaria o calcanhar…

Em preto e branco os filmes foram encontrados,

perdidos de cor,

esvaíram-se,

tal qual o aquecer do meu coração quando você chegava

Sonhos que pensara possuir quebraram, viraram cinzas fétidas

Tal qual minha memória de você

Eu nunca mais serei a mesma

Os rasgos no meu coração não têm conserto nem remendo

Tal qual fumaça, dissipei-me.