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Foto: Acervo da família

A história de Davi: superação e inclusão através do Programa Integrar

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Anete Lacerda

Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 2 milhões de autistas, representando 1% da população.

Entre esses milhões de brasileiros está Davi Braga Cardoso, de 6 anos, filho servidora pública Janemar Chieregatte Braga e do operador de máquinas Tiago Santos Cardoso, que receberam o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) para o filho aos três anos de idade.

Apesar de hoje entender melhor o transtorno, Janemar conta que, no início, ela e o marido não percebiam os sinais, já que se acostumaram a interpretar as necessidades de Davi, como se faz com bebês.

“Ele não pedia nada. Pegava o que queria por conta própria, mas eu achava normal. Não sabia sequer apontar ou nos levar onde estavam as coisas que queria. Virava carrinhos para cima para girar as rodas, enfileirava objetos, mordia a gente de frustração por não se fazer entender, tinha atraso na fala e hipercinesia (corria o tempo todo e mexia em tudo), além de estereotipias vocais e motoras, o combo completo do autismo. Só nós que não percebíamos. É difícil demais de aceitar”, desabafa.

O sinal de alerta para a possibilidade de o menino ter o Transtorno do Espectro Autista (TEA) veio a partir da frequência à creche. “Fomos alertados de que ele não entendia os comandos. Era como se fosse surdo. Foi quando nos sugeriram procurar um neuropediatra”, conta Janemar.

Desde o diagnóstico, os pais recorreram a várias terapias, e hoje Davi está entre os 278 pacientes atendidos pelo Programa Integrar, da Unimed Sul Capixaba, implantado com o objetivo de oferecer um espaço especializado no acompanhamento de pacientes com Transtornos Globais do Desenvolvimento.

Segundo o gerente de Atenção Integral à Saúde da cooperativa, Fernando Falcão, o programa Integrar representa um marco importante no cuidado desses pacientes.

Ele reforça que a motivação para sua criação está relacionada à necessidade de proporcionar uma estrutura adequada e multidisciplinar para atender pacientes que necessitam de terapias especiais, alinhando-se ao compromisso da Unimed Sul Capixaba com a saúde integral de seus clientes.

“Já é possível avaliar resultados preliminares em termos de evolução no bem-estar dos pacientes, observando o impacto positivo das terapias no desenvolvimento global”, afirma Falcão.

Janemar ratifica a avaliação do gerente de Atenção Integral à Saúde da Unimed Sul Capixaba e elogia o trabalho dos profissionais, que fornecem relatórios de comportamento com gráficos e tudo o que a criança precisa, além de garantir acesso a profissionais que, de fato, se preocupam com o desenvolvimento dos beneficiados pelo atendimento.

“O Integrar assume autistas Nível 3 (dificilmente outras clínicas aceitam esse tipo de paciente como meu filho) e presta a intervenção ABA (Análise de Comportamento Aplicada) de forma ética, inclusive com treino parental”, complementa.

Rotina de cuidados e disciplina

Além das terapias oferecidas pelo Programa Integrar, Davi tem uma rotina estruturada que envolve práticas adicionais para o seu desenvolvimento. Parte dessa jornada inclui a prática de jiu-jitsu, uma atividade que tem sido fundamental para estimular sua disciplina e habilidades motoras.

Acompanhado pelo pai, Davi se dedica a essas atividades, que acontecem em horários que coincidem com o expediente de sua mãe, Janemar, servidora da Câmara de Cachoeiro de Itapemirim.

Janemar afirma que o filho tem evoluído muito com o apoio do Integrar, uma vez que as terapias e a inclusão têm sido fundamentais para alcançar resultados ainda mais satisfatórios.

Contudo, Janemar faz uma observação: resultados ainda melhores dependem de uma inclusão escolar correta, que é a parte mais falha do processo. “O desenvolvimento do autista se dá mais facilmente com a sincronia entre escola, família e ambiente terapêutico. Cada um precisa fazer sua parte. A escola costuma ser fonte de problemas para pais atípicos”, destaca.

A mãe atípica também lembra que inclusão sem o Plano de Ensino Individualizado (PEI) não existe e que essa é uma discussão ampla. “Eu entendo que autistas de Nível 3 precisam de escola especial. A criança deve entender comandos, saber comer sozinha e usar o sanitário antes de ir à escola. Ou deveria saber”, pontua.

Segundo Janemar, o PEI deve partir do que a pessoa com deficiência já sabe. “A maioria, com exceções, não consegue acompanhar o mesmo conteúdo dos demais. No entanto, hoje sei que qualquer autista aprende. Pode ser nível 3, com dislexia, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Déficit Intelectual (DI), que ainda assim aprende a ser funcional”, defende.

Fernando Falcão ressalta que o foco principal da Unimed Sul Capixaba com o programa é atender aqueles que demandam acompanhamento contínuo e especializado, com um público-alvo bem definido e prioritário, e que esse objetivo está sendo alcançado.

Ele afirma que a cooperativa reconhece a importância de oferecer acompanhamento especializado, multidisciplinar e contínuo, garantindo que esses pacientes recebam a atenção necessária para melhorar sua qualidade de vida.

“Desde a implantação, observamos progressos significativos no bem-estar de nossos pacientes, fruto de um trabalho cuidadoso e dedicado. Nosso compromisso é seguir aprimorando essa estrutura, visando resultados cada vez mais expressivos na saúde e no desenvolvimento de todos que confiam em nosso cuidado”, reforça Falcão.

Um esforço pelo futuro

Morando em Jerônimo Monteiro, a 43 quilômetros de Cachoeiro de Itapemirim, Janemar e Tiago fazem o trajeto com Davi quatro vezes por semana para as sessões de terapia no Programa Integrar. Para Janemar, o esforço vale a pena. “Não é sacrifício. Fazemos tudo pelo futuro do Davi. Quem vai lidar com o autista adulto é a família, e o que garante nossa sanidade é o acesso à ABA”, afirma.

A mãe expressa sua gratidão à equipe do Integrar pelos resultados alcançados pelo filho, que é não verbal, mas está aprendendo a se comunicar de forma funcional. “Nosso esforço é para que ele seja funcional no dia a dia e tenha uma vida realizada”, diz.

Davi tem demonstrado evoluções importantes. Recentemente, participou do desfile escolar e agora consegue frequentar lanchonetes e outros ambientes antes impensáveis para ele. “Ainda há limitações, mas é uma evolução incrível”, comemora Janemar. Ela reconhece que o caso de Davi é complexo, mas afirma que o apoio de uma equipe qualificada e de um ambiente adequado tem feito toda a diferença na vida da família.

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