É solitário aqui em cima. Minha própria luz não atinge meu coração. O clima soturno que me cerca, que me deprecia, a solidão é minha melhor amiga.

Dizem que sou o astro supremo, que sem mim não vivem, que sou o mais importante de todas as estrelas dessa galáxia. Então por que ninguém vem me visitar? As estrelas cadentes apenas aparecem de passagem, sem nem ao menos cumprimentar-me, sempre estão apressadas.

Daqui de cima é possível observar o planeta Terra com nitidez. Sinto inveja da raça humana. Eles são terríveis uns com os outros. Recordo-me como se tivesse acontecido ontem a Segunda Grande Guerra, com suas bombas e torturas à outrem de sua própria espécie.

Contudo, eles nunca estão sozinhos. Sempre tem alguém que os ame, que sentem ternura em sua presença.

Essa raça é volátil, estranha, de fato. Ao mesmo tempo em que causam dor ao outro, também amam-se muito.

Eu sinto inveja disso, ciúmes. Queria ter, ao menos alguma coisa, um astro por perto. Que não se assombrasse, nem me deixasse sozinho.

Tem a Lua. Eu a amo. Sinto que somos feitos um para o outro. Mas ela nunca me deu uma resposta concreta quando perguntei à ela sobre um possível laço nupcial entre nós. Ela apenas diz “não sei, não sei”. Isso fere-me um pouco… Eu também raramente a vejo. Ela só acorda quando eu durmo, assim como eu só acordo quando ela dorme… Temos apenas algumas horas para nos observar. Queria que ela me amasse, queria que ela não me deixasse sozinho e que me compreendesse…

O único consolo que possuo é saber que, pelo menos, ilumino as outras pessoas que precisam de mim, mesmo que não saibam disso…