No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, o Instituto DataSenado revelou, a partir de pesquisa, que 3,7 milhões de brasileiras sofreram violência doméstica ou familiar em 2025.
O estudo, que marca os 20 anos da pesquisa nacional sobre o tema, ouviu mais de 21 mil mulheres entre maio e julho em todas as regiões do país.
Agressões acontecem na frente de crianças
O levantamento mostrou que a violência acontece com frequência e, muitas vezes, dentro da própria casa.
Entre as entrevistadas que sofreram agressões no último ano, 71% disseram que havia outras pessoas no local, e a maioria delas eram crianças, muitas vezes filhas das vítimas.
Mesmo assim, em 40% dos casos, ninguém tentou ajudar.
A pesquisa aponta ainda que a violência é recorrente:
– 59% convivem com agressões há menos de seis meses;
– 21% sofrem episódios há mais de um ano.
Também houve avanço da violência digital: 10% das mulheres relataram ataques on-line, como ofensas, perfis falsos e invasão de contas.
Por que muitas vítimas não denunciam
O estudo mostrou que grande parte das mulheres não busca ajuda formal. Entre os motivos mais citados estão:
– medo de prejudicar os filhos (17%);
– falta de confiança na punição do agressor (14%);
– esperança de que seria a última agressão (13%).
A maioria recorre primeiro a amigos, familiares ou à igreja, enquanto o uso de canais oficiais, como delegacias ou o Ligue 180, ainda é baixo.
Espírito Santo registra aumento de casos
Os números do Espírito Santo seguem a tendência nacional e também preocupam.
Segundo o Anuário Estadual de Segurança Pública 2025, o estado registrou 39 feminicídios em 2024, número maior que o do ano anterior.
O Observatório da Segurança Pública do ES contabilizou 93 homicídios de mulheres, incluindo feminicídios.
O atendimento pelo Ligue 180 também cresceu: foram 15.954 registros em 2024, um aumento de 44% em relação a 2023.
O Governo do Estado mantém o Observatório Mulher ES, que reúne dados sobre violência física, psicológica, sexual e patrimonial contra mulheres capixabas.
Notificações de violência contra mulheres nos atendimentos de saúde do Estado
2023: 11.111 casos
2024: 13.586 casos
2025 (até 24/11): 14.516 casos
Os tipos de violência mais registrados em 2025 foram:
Física: 4.690 casos
Psicológica: 2.532 casos
Sexual: 1.803 casos
Programa Mulher Segura ES
Para atacar de frente esse problema no Espírito Santo, o Governo do Estado lançou o Mulher Segura ES, programa que se propõe a ampliar a proteção a mulheres vítimas de violência doméstica.
A iniciativa usa monitoramento eletrônico para garantir o cumprimento de medidas protetivas.
O agressor recebe uma tornozeleira eletrônica, enquanto a vítima passa a usar um smartphone com aplicativo que emite alertas sempre que ele se aproxima do limite definido pela Justiça.
Em caso de risco, o sistema envia imediatamente a localização e aciona o 190.
O programa integra ações da Secretaria de Segurança Pública, Patrulha Maria da Penha, Polícia Civil, Polícia Militar, projeto Homem que é Homem e o app SOS Marias, formando uma rede de proteção.
O custo do sistema é de R$ 554 por conjunto, pago somente quando os equipamentos estão em uso.
A implantação começa pela Grande Vitória, foi expandido para a Serra e tem previsão de ser implantado em outras regiões do Estado.
Pesquisa será apresentada no Senado
Os dados completos serão apresentados nesta quinta-feira (27), em uma sessão especial no Senado, em comemoração aos 20 anos do DataSenado.
O instituto é responsável por pesquisas que ajudam a formular políticas públicas e aprimorar leis, como a Lei Maria da Penha, aprovada em 2006.
Fonte: Agência Senado
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