ARTIGO: Paulo Henrique Thiengo, engenheiro agrônomo, pesquisador de ferrovias e preocupado pelo futuro de Cachoeiro e região. E-mail: [email protected]
Os anos de 1992/1993 marcam o início de minha ‘militância’ em prol do desenvolvimento sustentável de Cachoeiro, cidade onde cheguei com 8 anos de idade, em 1974, vindo de São Vicente. Na ocasião, redigi texto sobre mobilidade urbana devidamente embasado por farto material que acabara de receber da Fundação Jaime Lerner, do Paraná.
Fiz questão de entregar uma cópia pessoalmente no estúdio de gravação da campanha eleitoral do Ferraço e 20 para a Câmara Municipal, sendo uma para cada um dos 19 vereadores e também para o arquivo da Casa. Fiz questão, ainda, de registrar o texto em cartório (registro de imóveis, na Rui Barbosa).
Seis anos antes da quinta retirada de trilhos da história da cidade, sugeria o aproveitamento da ferrovia que cortava a cidade em seu eixo de maior fluxo de passageiros para a circulação de Veículos Leves sobre Trilhos, ou VLTs, a diesel, com bilhetagem interna, mantendo-se a mesma bitola, com uma estação central onde ainda funcionava o pátio de manobras da ferrovia e totalmente integrado aos ônibus.
Com extensões da ferrovia em ambos os lados: A partir do IBC, passaria ao lado do Monte Cristo, cruzaria por cima a Santos Neves ao lado do Café Campeão, passaria atrás dos bairros BNH, servindo também ao Coramara e, hoje, poderia ter sido estendida até as faculdades, em Morro Grande. Do outro lado, passaria ao lado do São Luiz Gonzaga e atrás dos bairros Nossa Senhora da Penha, Santa Cecília e Village, podendo ter sido estendida até Soturno.
Teria sido uma oportunidade única de garantir para a cidade uma logística urbana moderna, versátil e democrática, garantindo um deslocamento rápido e confortável por décadas, bastando apenas diminuir os intervalos e aumentar o tamanho da composição, de acordo com o aumento da demanda.
Isto permitiria, ainda, um correto direcionamento do crescimento da cidade para áreas propícias, como em Morro Grande, já que o transporte rápido até o centro estaria garantido. Com isto, não teríamos bairros completamente saturados, como o Gilberto Machado, e condomínios pendurados nos morros da cidade, com lotes caros e disputados, unicamente pela vantagem de estarem “próximos ao centro”.
No mesmo documento, também sugeria a construção do contorno rodoviário – que nem havia sido iniciado – margeando a cidade, de forma a ser usado também como ligação entre os bairros. Infelizmente, foi construído quilômetros distante, aproveitando-se a estrada para Cobiça e o leito do contorno ferroviário. Ao lado da cidade, um veículo poderia ir do Cel Borges ao Village sem passar pelo centro, além de servir como uma fantástica via principal para a região, que cresce desordenadamente.