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Cercados – A imprensa contra o negacionismo na pandemia

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

Tive a oportunidade de assistir, em 2003, durante um festival de teatro em Mantenópolis – ES, uma peça que contava os acontecimentos aterradores relacionados ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog. A peça foi apresentada ao público em geral, mas, também para adolescentes e jovens de escolas públicas da cidade. A arena montada para o festival – uma tenda de circo – foi instalada no centro da pequena cidade e, após a apresentação, aconteceu um debate sobre a imagem do falso suicídio do jornalista ser um dos casos mais emblemáticos da impunidade dos assassinatos cometidos durante a ditadura militar no Brasil. Eu não conhecia a história de Herzog e fiquei muito impressionada. Não houve questionamentos por parte da plateia. Não houve nenhuma discussão acalorada – houve aprendizado e tristeza sobre um fato inquestionável e desumano, uma marca de dor representada com o intuito de lembrar e mostrar aos jovens o que era a Ditadura Militar brasileira. Repito, isso aconteceu em 2003. No que o Brasil se transformou, de lá pra cá?

Em que momento, durante as duas últimas décadas, perdemos o rumo da história e a capacidade de analisarmos os fatos sem distorcê-los, sem ignorá-los?

O documentário Cercados – A Imprensa contra o negacionismo na pandemia – Globoplay 2020 – é difícil de assistir. Primeiro, porque é um filme sobre algo que todos nós vivemos aflitivamente juntos. Segundo, porque estamos em uma situação dolorosamente pior agora. Ao encarar as cenas do documentário, criamos o nosso próprio filme na cabeça: “quando isso aconteceu, eu estava assistindo ao jornal com minha mãe”; “nesse dia, eu fiquei muito triste”; “me lembro dessa reportagem, conversei sobre isso com minha amiga, estávamos nos sentindo péssimas”.

O papel da imprensa, ao registrar e noticiar o que estamos vivendo, além de informar a população daquilo que nos atinge diretamente, é rascunhar aquilo que será chamado de história. São as fotos, as reportagens, os documentos tornados públicos e os vídeos dos telejornais que ficarão guardados como memória coletiva, como a construção perene da narrativa da vida e de seus desdobramentos.

É reportar o presente e guardar para a posteridade os passos e as decisões de quem tem poder político, social e bélico. Pergunto: a quem interessa calar a imprensa? Que tipo de população atenta contra a integridade moral e física dos jornalistas?

Que tipo de manobra perversa e manipuladora faz com que tantas pessoas agridam aqueles cujo trabalho é tornar públicas as ações e expor os políticos que deterioram nossas vidas e que pisam em cima dos nossos direitos?

Escrevo esse texto no dia sete de abril de 2021 – Dia do Jornalista. Não pretendo, de forma alguma, citar ou defender essa ou aquela emissora ou veículo de notícias, muito menos pontuar os vieses político-partidários de nenhuma delas. O que proponho, ao escolher esse documentário em especial para a coluna dessa semana, é questionar o que tem acontecido no nosso país, diante dos nossos olhos, bem debaixo do nosso nariz, nas telas de TV, computadores e celulares de todos nós: é preciso ter medo. É preciso defender a liberdade de imprensa. Há um ano, vivemos a maior situação de calamidade pública da nossa história. Existem culpados. Mais de trezentas mil pessoas já morreram. Nossa vida e a vida de quem amamos está em risco 24 horas por dia.

Como seria possível sabermos o que fazer, entendermos o que está acontecendo e encontrarmos os culpados por essa calamidade sem o trabalho da imprensa?

Não podemos voltar a viver no escuro – nos tempos quando a única fonte de informação era o estado autoritário e quando aqueles que, como Herzog, se colocavam, dispostos e de maneira pacífica, para responder perguntas dos militares eram torturados e mortos impunimente e tinham seu assassinato assombrosamente manipulado para parecer um suicídio. Calar a imprensa, agredir e matar jornalistas é uma ação ditatorial e mortal de governos e governantes cujo único interesse é a manutenção antidemocrática do poder. Cercados – nome do documentário – se refere aos jornalistas que tentam fazer seu trabalho em meio ao negacionismo e à violência vinda dos políticos e também a nós, que não temos poder algum, que só podemos contar com a informação para sabermos como nos defender e nos proteger, como podemos prezar pela nossa saúde durante essa pandemia e durante todos os momentos relevantes que alteram os rumos da história e que interferem, diretamente, no curso das nossas vidas.

 

Olivia Batista de Avelar. Professora de Inglês, pós graduada em Filosofia, apaixonada por Tarot e Astrologia e Escritora
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