sex 19/dezembro/2025 • 13h27
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Anete Lacerda

Este é um projeto do jornal diaadiaes.com.br que retrata a vida de mulheres que influenciam, fazem diferença e nos inspiram a seguir em frente.

São personagens reais que estão em todos os lugares e são protagonistas de suas próprias histórias. Que contribuem para um mundo melhor.

Seja bem-vindo a mais uma  história de uma incrível mulher.

Dona Jandyra

Dona Jandyra, a mulher que dedicou a juventude, e a vida, ao Hospital Infantil

Dona Jandyra, 85, trabalhou desde a fundação, em 1971, no Hospital Infantil Francisco de Assis (Hifa). Ela faz parte de uma geração de jovens que mudou a história da saúde não apenas em Cachoeiro, mas em todo o sul do Estado. Por 35 anos foi diretora da instituição, de forma voluntária.

"Servir para mim é objetivo e missão de vida. A solidariedade deve existir em cada coração. Ser solidário é realmente  contribuir para um mundo mais justo e mais feliz".

Jandyra Rodrigues Pinheiro, 85 anos, a dona Jandyra do Hospital Infantil, que trabalhou desde a fundação, em 1971, como voluntária na administração do Hospital Infantil Francisco de Assis (Hifa), faz parte de uma geração de jovens que mudou a história da saúde não apenas em Cachoeiro, mas em todo o sul do Estado.

Ela esteve na diretoria do Hifa por 35 anos, mas o seu envolvimento com a história do hospital começou muito antes, aos 16 anos, quando com outros 29 jovens da Mocidade Espírita Jerônimo Ribeiro, sonhou em ter um local para atender às crianças doentes de Cachoeiro.

Além das orações, esses moços e moças desenvolviam trabalhos sociais para suprir carências variadas de famílias em situação de vulnerabilidade em Cachoeiro.

 Percebendo a falta de um local para atendimento médico de crianças no município, resolveram abraçar uma campanha para levantamento de fundos para a construção de um hospital infantil.

Um dos jovens, da família Gilberto Machado, pediu e o pai doou o terreno onde o Hospital Francisco de Assis (Hifa) foi construído e permanece até os dias de hoje. As obras duraram 15 anos.

Dona Jandyra conquistou o respeito da sociedade cachoeirense a partir do trabalho que desenvolveu, ao lado dos outros administradores voluntários, na gestão do Hifa. Nenhum diretor recebia nenhuma remuneração para administrar o hospital.

Ela foi professora e aliou o trabalho em sala de aula ao trabalho voluntário que exerceu durante a maior parte da sua vida.

Muitas famílias com crianças internadas, e até trabalhadores que estão há pouco tempo no hospital, talvez nem façam ideia de quem seja aquela senhora de cabelos brancos e presença doce que ainda percorre discretamente o local, sempre com um sorriso no rosto.

Ela se afastou após enfrentar  problemas de saúde, e durante a pandemia tomou todos os cuidados para evitar o contágio pelo coronavírus, mas volta sempre ao local porque ama o lugar que faz parte de suas história, embora fale com muita humildade sobre isso.

Hoje suas saídas são raras, mas entre elas estão os momentos de oração no centro espírita que ainda frequenta, as idas ao médico e as visitas ao Hifa, sempre sem alarde.

Vamos conversar um pouco mais com dona Jandyra e saber o que moveu uma menina de 16 anos a se juntar a outros igualmente jovens, alguns mais velhos que ela, e deixar um legado tão grande que até hoje impacta de forma  positiva a saúde na região Sul e Caparaó. E que já salvou, e continuará, salvando tantas vidas.

 

Quando a senhora olha para o hospital infantil hoje, qual a sensação?

De gratidão por todos aqueles que acreditaram no sonho de 30 jovens e ajudaram a torná-lo realidade. Gratidão por todos os empresários do comércio que fizeram campanhas que nos permitiram arrecadar material suficiente para concluir a obra e inaugurá-la no dia 29 de junho de 1971, entregando-a para servir às famílias que precisavam de atendimento para suas crianças. Essas pessoas nos ajudaram a suprir uma grande carência da região. E somos gratas a cada uma delas.

 

O Hospital Infantil Francisco de Assis nasceu do sonho de 30 jovens. O que a senhora diria aos jovens dos dias atuais?

Eu fiz parte de uma juventude que se preocupou com o futuro e foi referência para nossa cidade. Sinto-me muito feliz de participar de uma época que deixou um legado que permanece até hoje.

Então meu desejo é que cada jovem assuma a sua responsabilidade. Que tenha o desejo de fazer ao outro o que gostaria que fizessem para ele. Acima de tudo, que confiassem mais em Deus e procurassem fazer o certo através do amor e da perseverança no bem. É importante que se preocupem em deixar um legado do qual possam se orgulhar. Um legado que sirva ao próximo.

Os jovens espíritas de hoje continuam fazendo trabalhos sociais. É um trabalho silencioso, calmo e muito bonito. A gente não precisa ficar em evidência porque o nosso objetivo sempre foi ajudar, fazer acontecer, realizar alguma coisa boa.

A senhora falou em legado. A sua geração com aqueles 30 jovens deixaram um legado.  Qual a principal lição que a sua história com o Hifa deixou?

Que a persistência vale a pena, apesar de todos os desafios que vencemos juntos com os que nos apoiaram durante todo esse tempo. Todo o nosso esforço mantém vivo um sonho chamado Hospital Infantil. O amor e ação nas nossas famílias passaram de geração em geração. Durante esse tempo fomos movidos por um sentimento muito forte de solidariedade, e isso é muito gratificante. Ainda hoje mantemos contato com os que ainda estão entre nós e que começaram esse trabalho na minha mocidade.

Qual foi o maior desafio nessa caminhada?

Foram muitos. Mas desafios a gente tem todo dia. Em casa, no trabalho, na vida. E não foi diferente durante esses anos servindo como voluntária no Infantil. Desde a adolescência e juventude. Aliás, desde sempre. Nasci em família espírita. Servir para mim é objetivo e missão de vida. Então a gente vence os desafios para fazer isso. Até hoje vibro com cada conquista do Hospital Infantil.  A gente vê que o trabalho e as lutas da diretoria daquela época valeram muito a pena. Deram frutos que permanecem até hoje e são cuidados por outras pessoas com o mesmo zelo e dedicação dos que iniciaram tudo.

 

Que mensagem deixaria para a sociedade cachoeirense?

Que a gente se ame mais. Principalmente através do respeito que devemos uns aos outros. Com isso tudo se torna mais leve. E que façamos como a pombinha no incêndio na floresta, que ia lá, molhava as asinhas e sacudia sobre as chamas, enquanto o rei leão debochava, questionando se ela achava que assim ia apagar aquele fogo. E ela respondeu que não, mas que estava dando a contribuição dela. Então que cada um de nós seja a pombinha no incêndio da floresta e faça a nossa parte. Se dermos a nossa contribuição teremos um mundo mais feliz e próspero. A solidariedade deve existir em cada coração. Ser solidário é realmente  contribuir para um mundo mais justo e mais feliz.

 

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Coordenadora de Marketing do HIFA
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