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A porteira com o bloco de pedra

escritoras-cachoeirenses2-07-01-23
Escritoras Cachoeirenses

Desde pequena, minha felicidade só começava quando o asfalto terminava. Quando eu fazia o que mais gostava: Chegar na porteira!

Uma das frases que minha mãe mais ouvia quando estávamos na casa de Cachoeiro era: — Mãe, me leva a porteira, eu quero chegar lá!

Eu só tinha dois anos, mas sabia que quando chegasse na porteira eu chegaria no pedacinho do céu.

Cresci esperando ônibus para ir à escola na porteira, eu e minha mãe levávamos um banquinho, ou nos sentávamos na pedra, onde conversávamos e brincávamos com a dormideira (planta característica da minha região) até o ônibus do Tião chegar.

Amava olhar a porteira… — Cachorro latiu? Olha a porteira, vê se chegou gente!

Vovó dizia e ainda diz.

Coisa boa quando realmente tinha gente chegando, a nossa gente, nosso povo, sabe?

O carreteiro que pegava o leite e tomava café conosco, todas as manhãs, ainda é considerado neto da minha vó.

Tio Mazinho podia estar cansado como fosse que sempre me levava para dar uma voltinha de moto, do quintal até a porteira.

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A agente de saúde era de casa, era da família, colocávamos o papo em dia em todas as visitas.

Muitas pessoas que entraram na nossa porteira nunca mais vão entrar! Ainda escuto o barulho da buzina da moto vermelha da tia Drica na porteira, gritando:

— Jojô, traz a chave pra titia!

É… como eu queria vê-la chegando, o que me conforta é pensar que ela entrou nas mansões celestiais.

A porteira da dona Crenilda sempre foi ponto de referência para os moradores da região. Nela, há um bloco de pedra, que por anos carregou o nome e o número do meu tio enquanto candidato a vereador. A escrita já se apagou, mas a pedra segue firme ali.

A porteira por onde já entrou e ainda entra gente de todas as classes sociais, raças ou idade. Quem entrou e entra na porteira sempre foi e será bem recebido. O café e o bolo nunca faltaram, e nunca vão faltar para quem chegar.

Para muitos, é apenas uma simples porteira, mas para minha família não! Ela carrega consigo boa parte da minha história.

Você tem um lugar onde realmente sente que chegou em casa? Eu tenho! A porteira.

Jovanna Pin. Mulher, filha, cristã, estudante de Publicidade e Propaganda, apaixonada pela arte de escrever. Sou de Cachoeiro, da crônica e da comunicação

Respostas de 9

  1. Espero que cada leitor goste assim como eu gostei de escrever esse texto. Ah, se você tem alguma memória, ou se já passou pela porteira também deixe nos comentários, vou adorar saber.

    1. Oh, prima! Foi emocionante mencionar minha tia que já faleceu, entre outros familiares que estão aqui fazendo parte da nossa história.

  2. Oi filha muito linda a sua história. . Sabe que eu também estou presente nesta poesia . Ti amo muito filha. Que Jesus continue te abençoando.

    1. Amém, pai! Também te amo muito. O senhor de fato faz parte dessa história e todas as publicadas. Obrigada por tudo.

  3. O orgulho de ser professora! É ver nossos estudantes buscando um espaço no mundo, assim é Jovanna dando o melhor de si e nos deixando muito feliz! Obrigada por fazer parte da minha vida!

  4. Que lindo,minha sobrinha do ❤️!
    Um registro da história da família e em especial das suas lembranças.
    Parabéns por ser apaixonada em escrever…
    Deus te abençoe.🙌.
    Que seus objetivos sejam alcançados.

    1. Benção, tia! Amém, agradeço a Deus por sua vida e de toda sua família. Obrigada pelo apoio e pelas orações.

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