Quem frequenta o litoral de Marataízes já percebeu uma roda diferente de capoeira que, pelo menos duas vezes por semana, agita as areais da Praia Central ao som de berimbais, atabaques e pandeiros. São 32 capoeiristas, integrantes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) da cidade, que encantam turistas e moradores com uma pegada forte de superação e muito empenho para aprimorar a arte que mistura a cultura africana com a brasileira.

O projeto completa quatro anos de puro sucesso, já que vem apresentando resultados positivos no tratamento de crianças e adolescentes com síndromes neurológicas, além de mostrar que é possível praticar esportes mesmo preso a uma cadeira de rodas.

Um exemplo são as irmãs Maiane e Maíra, de 17 anos. As duas apresentam limitações físicas e deficiência múltipla, mas na hora de acompanhar a batida do berimbau, acabam entrando na roda de capoeira e rolando pelo tablado montado na praia.

O professor do projeto, Osmar Barbosa, que é servidor da Secretaria de Educação e que mantém uma parceria com a de Esportes, revela que o uso da capoeira como terapia tem sido fundamental na socialização dos alunos, melhorando a cognição, o desenvolvimento das articulações e, com isso, a qualidade de vida de todos.

“Não tem comparação. Depois de seis meses é visível como eles se integram melhor à família, à escola e às atividades. Caso de aluno que não andava e hoje está aí, no tablado, mostrando que pode ir mais longe”, comemora.

Integração

Diretora da Apae de Marataizes, Dilcea Marvila de Oliveira, quer que mais alunos integrem o projeto, por isso sempre leva o grupo local para apresentações em outras cidades do Estado.

“Esses meninos e meninas já estiveram na Grande Vitória e cidade do interior mostrando e integrando a sua arte e seu desenvolvimento. Isso gera uma corrente do bem que envolve pais, amigos e a sociedade que está sempre aplaudindo”, ressalta.

O projeto conta com apoio da Prefeitura de Marataízes, por meio da Secretaria de Esportes. As apresentações acontecem sempre de manhã, na Praia Central de Marataizes, a partir das 9 horas. Ainda não há dias específicos para que os capoeiristas especiais se apresentem, o que depende da disponibilidade dos pais.