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Monica antes e depois das agressões. Fotos: acervo pessoal

Após quatro anos, medo ainda persegue vítima de tentativa de feminicídio

foto perfil anete3
Anete Lacerda

Quatro anos já passaram desde que a auxiliar administrativa Mônica Peccini Mardegan foi vítima de uma tentativa de feminicídio e até hoje os momentos de violência não saem de sua cabeça.

Hoje, com 36 anos, Mônica afirma que ainda vive momentos de pânico e que às vezes tem crises de choro. “Sou uma pessoa amedrontada e insegura, que tem medo de sair de casa”, disse.

Mônica foi violentamente agredida no dia 17 de junho de 2017. Levou socos e mordidas, teve os dentes quebrados, o nariz fraturado, foi jogada do carro em movimento, esganada e ameaçada de ser jogada num açude pelo agressor.

Ela acusa seu então marido, Magnum Buzatto Marques de Almeida, de ser o autor das agressões. Ele vai a júri popular nesta sexta-feira (2) no Fórum Desembargador Horta de Araújo, em Cachoeiro.

Na entrevista, que foi marcada e desmarcada várias vezes – ela não tinha condições emocionais de falar sobre o assunto – a vítima relata sua experiência ao lado do suposto agressor e do trauma que marcou sua vida.

Após as agressões ela conta que ficou oito dias sem conseguir abrir os olhos por causa dos hematomas. As dores físicas não existem mais, mas as emocionais são eternas, conforme relata.

Mônica lembra que após nove meses de namoro foi com o então marido à festa de aniversário da avó dele em Burarama e que as agressões ocorreram na volta.

A vítima relata que dançou com o tio do namorado, da mesma forma que ele também dançou com a tia. Imediatamente após a dança, o agressor chamou para ir embora e no caminho de volta para casa parou o carro e começou a agredi-la.

“Eu pedia para ele parar, mas ele me jogou para fora do carro no asfalto e tentou me esganar. Naquela hora pensei que ia morrer”.

Depois das agressões ele a colocou novamente no carro, com a ameaça de que a jogaria num açude. Sua sorte, conta, é que tiveram que passar por uma praça com muitas pessoas e ela abriu a porta e pediu ajuda.

Os moradores detiveram o agressor. Na época ele ficou preso por 14 dias e depois foi liberado, o que só aumentou o medo de Mônica e sua família.

As advogadas de Magnum Buzatto, Márcia Prúculi e Arlete Barreto de Araújo Silveira, disseram que preferem se manifestar durante os debates no julgamento.

ENTREVISTA

Quem é a Mônica de antes e depois das agressões?
A de antes era uma pessoa feliz, que não percebia o comportamento violento e possessivo do namorado como um perigo. Achava que o ciúme excessivo era porque ele me amava. Depois sou uma pessoa amedrontada e insegura, que tem medo de sair de casa. Tento prosseguir com a vida normalmente, interagir e conviver, comparecer às festinhas e aniversários de família, mas quando tudo parece muito bem, tenho crises de choro e preciso voltar para casa.
Quando vejo um carro estranho na frente da minha casa o meu coração dispara. Tenho medo de ser alguém que ele contratou para me matar porque ele sempre disse que se o denunciasse ele me mataria ou contrataria alguém para fazer isso.
Sempre falo com os meus amigos, no meu trabalho e na minha família. Se eu sumir ou faltar ao serviço, pode ir na minha casa. Certamente é porque ele fez ou mandou fazer alguma coisa comigo.

O que a fez denunciar e tornar pública a agressão que sofreu?
Eu estava em um relacionamento abusivo e não percebia. Uma vez li numa rede social uma mulher relatando sobre o relacionamento abusivo que sofreu e percebi que estava em um. Denunciei, tornei público, perdi amizades, fui criticada, mas ficar calada não é alternativa. Já fiquei calada e sofri tempo demais. Poderia estar morta.
Ele é violento, as outras mulheres e ex-namoradas me contam isso. Que ele proíbe de falar com os amigos, de usar o celular, agride. Dizem que sabem o que eu passei, acreditam em mim mas não têm coragem de tornar isso público, o que é uma pena. Um homem violento está por aí circulando, pronto para ferir e até matar outras mulheres.
Depois que ele tentou me matar eu nunca mais me envolvi em nenhum outro relacionamento. Por mim, porque não consigo esquecer nem um minuto do que aconteceu, mas também pela minha filha, que morre de medo e me fez prometer isso.

Qual a sua expectativa com o julgamento?
Que seja feita justiça. Se ele for preso é uma alívio. Se não for, o sofrimento e o medo continuam. E toda essa luta não terá valido a pena. Já choro muito e vou chorar muito mais porque vou sentir que toda essa luta foi em vão. Mas tenho esperança de que ele seja condenado. Se a justiça falhar comigo estará punindo todas as mulheres vítimas de violência.

O que você tem a falar sobre essa experiência?
Que a mulher não pode se sentir culpada por ter sido agredida. Eu me senti. Por muito tempo parecia que a errada era eu. Mas fui vendo que eu sou a vítima, eu vivo com medo, minha filha vive com medo e minha família também. Eu me senti culpada porque coloquei a minha vida e da minha filha em risco. Tem dia que acordo e só quero ficar chorando. O tempo passou, mas essa dor me corrói todos os dias. Sempre me pergunto como eu permiti que isso acontecesse. Mas realmente eu não tenho culpa. Culpado é o homem violento com quem namorei.

Qual a maior dificuldade de uma vítima de violência doméstica?
São muitas, mas a principal é viver eternamente com medo. E ouvir das pessoas que tudo está bem, está normal porque a gente consegue trabalhar e interagir em alguns ambientes. Não está. A gente trabalha porque precisa, convive porque precisa e conversa porque precisa. A vontade é nunca mais sair de casa. Mas eu tenho uma filha que depende do meu suporte emocional. Então busco forças para dar a ela o mínimo de estabilidade. Não posso deixar que o que aconteceu comigo defina para pior o futuro dela. Uma repórter de Goiás recentemente foi agredida pelo namorado. Alguns dias depois estava apresentando o jornal. Parecia normal, mas certamente não estava. A gente só avança porque ficar parada não é uma opção.

Algum conselho para outras mulheres, que como você foram vítimas de violência?
A única coisa que pode salvar nossas vidas é denunciar, tornar público e dar um basta a todo e qualquer relacionamento abusivo. Comuniquem à família e aos amigos. A omissão dá vida longa a covardes que machucam e matam tantas mulheres por esse estado afora. E lembre-se que a culpa não é sua.

 

O que diz a Psicologia sobre as vítimas de violência

A psicóloga Giovanna Carrozino Werneck esclarece que em um contexto de violência, evidencia-se o surgimento de diversas formas de sofrimento psíquico.

Ressalta que o aspecto traumático da violência pode comprometer seriamente a saúde da mulher, interferindo em sua autonomia, autoestima e autoconfiança, gerando sentimentos duradouros de incapacidade e de perda da valorização de si mesma.

“São comuns sentimentos de insegurança e impotência, fragilização das relações sociais decorrentes de isolamento, estados constantes de tristeza, ansiedade e medo”.
Segundo Giovanna, também é comum o aparecimento de transtorno depressivo, transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, comportamentos autolesivos e abuso de substâncias psicoativas.

A psicóloga destaca que tais sofrimentos podem persistir mesmo após cessado o contexto de violência devido aos traumas provocados.

Ela ressalta que é importante salientar também que a mulher pode tentar voltar à “normalidade”, pode tentar recomeçar a vida e a (re)construção de novas relações – com outras pessoas e consigo mesma – e, aparentemente, “estar bem”, demonstrar felicidade, fazendo parecer que não está sofrendo.

“É preciso ter cautela ao avaliarmos tais comportamentos, à medida que até mesmo pessoas em depressão podem ter um humor oscilante e, nesses momentos, a pessoa procura ter uma vida “normal”, mesmo em sofrimento intenso. As feridas e as marcas da violência vivida precisam de tempo, paciência e acolhimento para cicatrizarem”, conclui.

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