As misteriosas ruĂnas do Rio Salinas. Foto divulgação
O Historiador é o profeta que olha para trás.                                              Heinrich Heine
O ApĂłstolo do Brasil
O municĂpio de Anchieta Ă© considerado um dos mais icĂ´nicos do nosso Estado, uma vez que foi nessas terras que o nosso querido Espirito Santo de fato nasceu.
A cidade de Anchieta recebe esse nome em homenagem ao Apostolo do Brasil, o Padre JosĂ© de Anchieta, o primeiro acadĂŞmico em terras brasileiras a ter o tĂtulo de Mestre.
Anchieta foi fundamental para a expansĂŁo territorial capixaba, uma vez que ele participou ativamente para o processo de colonização, sendo fundamental para a catequização do Ăndios, construir missões, construir igrejas e colĂ©gios, dos quais o mais famoso seria o colĂ©gio de SĂŁo Thiago, hoje o Palácio Anchieta em Vitoria e sede do Governo Estadual.
JesuĂta, acadĂŞmico, antropĂłlogo, desbravador, literata, soldado de Cristo…Anchieta foi um dos grandes nomes de nossa histĂłria.
Porem o foco de nosso artigo seria uma certa ruĂna que se eleva misteriosamente em meio Ă mata e ao rio. Um conjunto de 32 pilares que apontam para o cĂ©u, testemunhas silenciosas do avançar dos sĂ©culos. E teria Anchieta levantado esses pilares?
As RuĂnas
As ruĂnas se destacam do ambiente natural em que se situam nĂŁo sĂł pela engenharia humana que representam, mas, tambĂ©m pela imponĂŞncia de suas formas. Mas nĂŁo possuem uma origem definida, apenas especulações e teorias, uma vez que Historiadores, Ambientalistas, ArquĂłologos e demais pesquisadores tem sua prĂłpria experiĂŞncia em interpretar as falas silenciosas daquele monumento. Cada pesquisador ao dialogar com essas RuĂnas tem uma visĂŁo, uma construção histĂłrica diferente. Mas existe um consenso, baseada na  harmonia de suas proporções e pela sequĂŞncia rĂtmica do conjunto de pilares e colunas, o material utilizado para construir essas colunas seriam pedras, conchas e Ăłleo de baleia.
Porem muita das perguntas ecoam até hoje:
Por que colunas redondas e outras quadradas?
Quem as construiu? Foram escravos ou indios?
Qual a idade correta dessas Ruinas?
Padre Jose de Anchieta participou?
Seria ou era uma Igreja ou uma Salina?
SĂŁo muitas as perguntas, porĂ©m poucas as respostas, a seguir enumerei alguma das mais pertinentes teorias sobre essas RuĂnas.
As Teorias acerca das Ruinas.
A Fazenda:
De extração e beneficiamento de sal. As ruĂnas por sua posição estratĂ©gica poderia ter abrigado a sede dessa propriedade. Existe a grande possibilidade que a salina era clandestina, uma vez que somente a coroa portuguesa poderia explorar o Sal.
O Paiol de Armas:
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Pela Historia Oral, entre os moradores mais antigos do municĂpio de Anchieta, existe a teoria das ruĂnas terem abrigado um paiol de armas, um depĂłsito para os portugueses, essenciais para desbravar os rincões do nosso Estado e tambĂ©m para a pacificação indĂgena.
A Aldeia JesuĂta de SĂŁo CristĂłvĂŁo:
Essa aldeia foi citada por HĂ©lio Abranches Viotti no livro Anchieta, o ApĂłstolo do Brasil, e teoricamente seria a terceira aldeia jesuĂtica. A Ăşnica das trĂŞs aldeias que nunca fora encontrada. Uma Aldeia UtĂłpica? Ou simplesmente fantasma?
As demais aldeias foram fundadas pelos religiosos entre 1578 e 1588 e seriam as aldeias de Reritiba ou Reis Magos e Aldeia Nova da Conceição de Guarapari. Em 1589 o Catálogo dos JesuĂtas assinalava uma terceira aldeia, que poderia muito bem ser as nossas enigmáticas ruĂnas.
A Igreja:
A primeira construĂda pelos jesuĂtas no litoral sul do EspĂrito Santo que ficava no centro de uma aldeia chamada SĂŁo Pedro. A disposição das 32 colunas sugere claramente o projeto arquitetĂ´nico de um local sacro. E tambĂ©m porque os jesuĂtas escolheram essa regiĂŁo para desenvolver a catequese com muita intensidade e fervor.
Arqueólogos e conclusões
A prefeitura enviou a essas RuĂnas, arqueĂłlogos que seriam responsáveis para estudar a área, porĂ©m infelizmente atĂ© hoje nĂŁo foi divulgado o resultado dos trabalhos.
JosĂ© Marcelino Pereira de Vasconcelos em seu Ensaio sobre A HistĂłria e EstatĂstica da ProvĂncia do EspĂrito Santo, publicado em 1858, que “no municĂpio de Benevente existe um rio denominado Salinas, braço do rio Benevente, em que se formam depĂłsitos salinos de grande extensĂŁo, de que se servem os moradores circunvizinhos para uso domĂ©stico. Conviria talvez explorá-lo”.
Os Escritores
CĂ©sar Augusto Marques, no Dicionário HistĂłrico, Geográfico e EstatĂstico da ProvĂncia do EspĂrito Santo, em 1878, publicado pela Typographia Nacional, registrou que o rio Salinas, “encontram-se depĂłsitos de sal de que se servem os vizinhos para uso domĂ©stico”.
As Ruinas do Rio Salinas foram tombadas como Monumento de Valor Cultural no dia 14 de fevereiro de 2014, no Diário Oficial da União.
Reserva do Papagaio
Foi criada pelo Decreto Municipal 3692/2011, com a finalidade de conservar o manguezal, o rio e as espĂ©cies que nele habitam, como pássaros, caranguejos, peixes, entre outros…A Unidade de Conservação Reserva de Desenvolvimento Sustentável Papagaio cuja área total delimitada Ă© de 17.312.052,41 m². As ruĂnas de Anchieta estĂŁo dentro dessa recĂ©m inaugurada Unidade de Conservação, se tornando um atrativo diferenciado dessa magnĂfica área de preservação.
Para chegar Ă s ruĂnas o visitante tem duas opções: a primeira por carro e a segunda e mais agradável seria pelo rio Benevente, por passeio de barco, que dura em media cerca de 40 minutos por um rio caudaloso e extenso, porĂ©m ladeado por um magnĂfico mangue e agraciado por lindos voos de garças e outras aves. E existe a presença de marrecos e caranguejos, alĂ©m de se escutar cantos de pássaros.
É uma boa opção de lazer e contato com a natureza. Mas nĂŁo existe ainda nenhum serviço especializado e regular para se fazer o passeio, mas há a possibilidade de se alugar barcos de pescadores. O barco sobe ate um determinado trecho e apĂłs isso ele adentra o rio Salinas, um dos afluentes do Benevente, onde o barco para em um pequeno porto de madeira, e desse ancoradouro ate as RuĂnas, uma pequena caminhada, aproximadamente de 100 metros, em meio a uma exuberante mata, chegamos ao nosso objetivo.
Como chegar
Para saber mais: