É verdade que o Agronegócio no Brasil ocupa abundantes hectares no interior deste país de proporções continentais, e na lógica das coisas, não faria sentido não haver comida para suprir todos os habitantes, porém a verdade é que: o AGRO não é POP e o agro NÃO produz comida. Essas grandes produções não são voltadas para o abastecimento do mercado interno, não existe a preocupação de ofertar arroz, feijão, legumes e verduras e sim a de oferecer comodities, que são produtos primários para importação, como milho, trigo, soja, entre outros.
Segundo o Canal Rural, 75% dos alimentos que vão para a nossa mesa são produzidos pela agricultura familiar, no entanto, infelizmente, é o agronegócio que detém as maiores proporções de terra, além de incentivos do governo. Com a pandemia esse quadro se agravou, é muito mais difícil para um produtor de menor porte lidar com a crise que assolou o país, o que impacta diretamente nos preços, não só dos alimentos em si, mas também em todos os tramites que envolvem transporte, armazenamento, que são custosos e isso acaba sendo refletido no valor final, o valor que nós pagamos. O G1 publicou uma reportagem que expõe justamente isso, em como o custo de uma dieta saudável no Brasil é maior em relação ao resto do mundo.
Não é difícil ir ao mercado, por exemplo, e encontrar produtos, sejam leguminosas, grãos, frutas, com preços cada vez maiores, e que varriam demasiado de um varejista para outro, o que em contrapartida leva muitas pessoas a utilizarem a alternativa dos alimentos ultra processados, que contém um valor nutricional muito baixo, além de conterem muito mais açúcares, gorduras e conservantes, porém um preço mais atrativo, pois são produzidos por grandes conglomerados que mantém o valor mais acessível.
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Por conta disso, segundo a ONU, ¼ dos adultos estão obesos e cerca de 8% das crianças com até cinco anos de idade têm sobrepeso, o que só prova que são consequências não do exagero, mas sim da falta, da falta de segurança alimentar. A má alimentação aumenta os riscos de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, o que acarreta em mais uma demanda para o SUS, é um efeito dominó de pequenas tragédias e descaso sem tamanho.
Com todos os fatos apresentados, já se entende que além de cobrar os governantes escolhidos por nós, para que se mobilizem com políticas públicas frente a essa situação desumana, também podemos fazer nossa parte, apoiando movimentos campesinos, como o MST, que faz um trabalho de agricultura fantástico, além de comprar diretamente do produtor, indo à feiras, caso tenha acesso as mesmas.
Valorizar o produtor local é fortalecer a agricultura familiar, incentivar a agroecologia é incentivar a comer sem veneno e tomar consciência do problema nos leva à justiça social.