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As eternas guardiãs: paneleiras de Goiabeiras resistem há mais de 400 anos

Somos as artistas por trás do balcão, as guardiãs de uma memória que não vai se apagar enquanto tivermos forças para amassar o barro, diz presidente da Associação das Paneleiras de Vitória.
Fotos: Aline Lacerda

Desde 1993 o Espírito Santo reconhece a importância cultural e histórica do trabalho das paneleiras de Vitória, que podem ser encontradas na região de Goiabeiras.

Dia sete de julho é o dia delas, a partir de publicação de lei municipal que se propôs a honrar profissionais que se tornaram guardiãs de uma tradição que já dura mais de 400 anos.

O galpão onde se concentram se tornou ponto turístico importante e lá é possível acompanhar em tempo real a produção em todas as etapas das panelas de vários tamanhos e formatos, e outras peças nascidas da criatividade dessas artesãs e artesãos.

Em todos esses séculos as panelas de barro ganham forma nas mãos de homens e mulheres que aprenderam com bisavós, avós, mães e tias e transformam argila em utensílios, memórias e fonte de renda para famílias inteiras.

Reconhecida em 2002 pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan) e registrada no Livro dos Saberes, a panela de barro não é só uma peça utilitária. É Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e do Espírito Santo. Justo dizer, portanto, que é uma joia esculpida no barro.

Mas não são flores todos os caminhos de barro teimosamente percorridos e transformados pelas mãos hábeis, a maioria femininas.

Nos quintais de Goiabeiras, o peso do barro e a responsabilidade da preservação recai sobre mulheres como Berenícia Correia Nascimento, 68 anos, presidente da Associação das Paneleiras.

Há 55 anos, suas mãos modelam o barro para não deixar apagar uma tradição tão antiga quanto viva. “É um trabalho pesado, e não vejo desejo nos jovens de continuar,” lamenta.

O medo dela não é apenas pessoal, mas coletivo: a chance de uma cultura tão antiga escorrer pelos dedos das novas gerações porque eles buscam caminhos mais leves e renda fixa é grande, segundo a presidente.

Se antes eram 120 associadas, hoje restam 62. Muitas perderam a batalha para a Covid-19, e outras seguiram caminhos mais seguros para garantir o sustento.

Os que chegam para ajudar fazem o que podem — alisam, retiram cascas, escolhem o barro — mas não são muitos, conta Berenícia.

Persistência

A presidente da Associação das Paneleiras de Vitória aponta dificuldades e falta de amparo do poder público, mas diz que elas não desistem. “Se ficarmos esperando pelos governantes, a associação e a cultura morrem. Não podemos nem vamos permitir isso,” destaca.

E assim, por teimosia e amor, a tradição segue viva, mas Berenice diz que querem e esperam muito mais.

“Aplaudem nossas peças, mas esquecem das mulheres que produzem essas panelas. Somos as artistas por trás do balcão, as guardiãs de uma memória que não vai se apagar enquanto tivermos forças para amassar o barro. Mas queremos e merecemos reconhecimento e valorização.”, conclui.

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