“Tive muitas crises, algumas me faziam acordar na madrugada sem respirar”. Este é o relato de Fabiana Bravo, que relembra as inúmeras crises asmáticas que viveu, principalmente durante a infância.
Fabiana faz parte dos 3% a 5% da população brasileira acometida por essa doença respiratória crônica das vias aéreas. A crise de asma acontece quando os brônquios – canais que levam o ar aos pulmões – reduzem de diâmetro, dificultando a respiração. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 235 milhões de pessoas no mundo sofrem com a doença.
Sintomas clássicos
Alguns sintomas são clássicos da asma: falta de ar, tosse seca, aperto e chiado do peito. O paciente diagnosticado com a doença precisa ficar atento aos pequenos gatilhos.
“Os sintomas são recorrentes, pioram após determinadas exposições como poeira, perfume produto de limpeza, mofo, mudança de temperatura, contato com cigarro. Melhoram [os sintomas] após uso de medicações broncodilatadoras”, ressalta o pneumologista Leandro Baptista.
Tanto tempo convivendo com a asma, Fabiana já reconhece o que pode desencadear uma crise. A tosse seca, por exemplo, já é um sinal de que ela precisa fazer uso do medicamento.
“O acompanhamento médico me fez perceber sinais de crise. E identificando os sintomas iniciais, eu consigo controlar crises fortes. No momento que tenho tosse já uso a ‘bombinha’. O frio, o ambiente com cheiro de mofo, a crise de rinite e até mesmo dar muitas gargalhadas. Quando dou gargalhada sinto o pulmão ruim”, contou.
A ‘bombinha’ a que se refere Fabiana é o medicamento broncodilatador citado pelo pneumologista. A doença é dividida pelos especialistas em três níveis: a controlada – em que o paciente não faz uso de broncodilatadores -, a parcialmente controlada e a não controlada. Segundo o médico, apesar de não ter cura, a asma tem tratamento preventivo diário, o que possibilita ao paciente ter uma vida normal.
“Nosso objetivo é que o paciente tenha controle dos sintomas. Se ele usar a medicação preventiva ele não vai ter cansaço durante o dia não vai acordar à noite com falta de ar, não vai ter crises e não vai precisar usar medicações broncodilatadoras de resgate. Apenas a medicação diária vai fazer com que ele tenha uma vida absolutamente normal e tenha controle dos sintomas”, explica o pneumologista.
Atenção especial
Pacientes que não fazem o uso diário do medicamento preventivo estão mais propícios a terem quadros de crise asmática, o que exige uma atenção especial. Em situações mais graves, a orientação médica é que o paciente se dirija ao hospital.
O especialista chama atenção ainda para o caso da atriz e roteirista Fernanda Young, de 49 anos, que faleceu, no último fim de semana, após uma crise de asma. Segundo ele, “a demora em se dirigir ao hospital em uma crise grave, onde o paciente continua cansado, com alteração de nível de consciência, é o que leva esse paciente a entrar em insuficiência respiratória e entrar em risco de vida.”
A experiência pessoal fez com que Fabiana identificasse também sintomas da doença em suas duas filhas. Segundo Leandro Baptista, quem tem asma deve também ficar atento às questões familiares, uma vez que a doença tem carga genética, ou seja, é hereditária.
“Hoje, eu convivo bem [com a doença]. Às vezes nem lembro que tenho asma. Minhas filhas também, mas quando começam os sintomas, lembro elas de usar as bombinhas”, conta Fabiana.
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