Em tempos de pandemia de coronavírus, receber uma palavra de apoio e de otimismo vale ouro. E quando esse carinho vem em forma de bilhetinhos junto com pão quente, melhor ainda. Na Padaria da Barra, em Marataízes, no Litoral Sul do Espírito Santo, a funcionária Drielly da Silva Machado Bernardes, 24 anos, escreve diariamente bilhetinhos em que busca passar motivação e esperança para todos os clientes. Tudo é escrito a mão e a iniciativa vem ganhando elogios nas redes sociais.
“Vamos encarar esse tempo como um intervalo da vida. Uma oportunidade para pensar e repensar. Que depois dessa, sejamos todos seres mais evoluídos”, escreveu Drielle para um dos clientes. Em outro, a mensagem é: “Não tenha medo das mudanças. Coisas se vão para que melhores possam vir”.
Vitoriosa
Drielly, que trabalha como caixa no estabelecimento, pode se considerar uma vitoriosa. Há cerca de 2 anos, ela sobreviveu a um acidente gravíssimo de moto em que sofreu traumatismo craniano. Ela passou 19 dias internada e depois mais 3 meses de cama em casa.
“Eu quebrei o fêmur e a bacia em cinco lugares. Quebrei a mão, tive traumatismo craniano. Fiquei em cima da cama 3 meses porque usei um fixador externo na bacia. Depois foram mais 8 meses de fisioterapia. E faço pilates até hoje”, conta a jovem.
O acidente mudou o jeito de Drielly encarar a vida, a forma de pensar e de agir. Ela ficou um ano afastada do trabalho e quando voltou, percebeu que suas colegas andavam um pouco desanimadas. Foi então que decidiu escrever os primeiros bilhetinhos de motivação.
“Comecei a deixar recadinhos para elas. Sempre falando o quanto elas são sensacionais e o quanto a empresa precisa delas. E deu muito certo”, conta Drielly.
O início da quarentena deixou todos muito preocupados e ansiosos. Foi então que Drielly lembrou dos recadinhos de motivação e esperança. Ela começou a escrever para os clientes.
“Lembrei dos recadinhos de motivação das meninas e comecei a fazer bilhetinhos de força e esperança. Uma forma que eu encontrei para tentar acalmar as pessoas, mostrar o quanto nos preocupamos com a saúde e segurança de todos e que principalmente precisamos delas neste momento que não está sendo fácil para ninguém”, disse Drielly, que afirma não ter planos para quando o isolamento social terminar. “É só entregar nas mãos de Deus e esperar.”
Drielly recuperou não apenas a saúde, a paixão pelo motociclismo – ela faz parte de um motoclube – e a alegria de viver. Seus recadinhos funcionam como uma espécie de bálsamo em tempos de distanciamento social, em que muitas pessoas se veem sozinhas e com medo. Palavras de conforto compartilhadas por alguém que sobreviveu à dor.