E a gringa leu Memórias Póstumas de Brás Cubas. E gostou. E postou. E viralizou. Muito que bem. E no que se seguiu, teve de tudo. Vamos de breve apanhado dos desdobramentos dessa tour.
Teve gringo comprando o livro, aos montes. Ponto pra eles. Teve brasileiro exaltando a literatura nacional. Ponto pra nós. Teve brasileiro descobrindo Machado de Assis, só por causa da gringa. Ponto pra esses, mas vamos lá, um pequeno vejam bem. Vale descobrir que nem tudo que é bom vem de fora quando o ponto de virada vem, justamente, de fora (do Brasil, no caso)? Não sei, cabe consultar os juízes da internet e os fiscais de leitura alheia.
Depois de ficar famosa por aqui, a influenciadora e escritora dos Estados Unidos, Courtney Henning Novak, deu até entrevista para o Fantástico. Bom pra ela. Persuadida pelo fandom machadiano, postou que também leu Dom Casmurro. Os mais letrados advertiram-na: agora a coisa ficou séria, fazendo referência à interminável treta se Capitu traiu ou não Bentinho. Assunto longo, aguardemos as próximas postagens.
De minha parte, tenho achado tudo válido. Que falem da nossa literatura, aqui e em qualquer país. Que releiam Machado, é sempre um deleite. Que descubram Machado, seja por quais meios que forem, afinal, é infinitamente melhor que seja assim do que nunca lê-lo. Não há tempo certo para se encantar por um livro ou um autor. Talvez seja um dos pontos positivos da internet. Ou talvez sejam meus olhos. Tenho andado otimista.
Porém, não perderei de vista meu realismo pragmático. Virais vêm e vão. Logo, logo, estaremos curados dessa gripe gringa. Prontinhos para outras modas e muitos novos virais. Contudo, temos Machado. Ah! Temos Machado de Assis! O maior entre os melhores! E sua obra permanece nos abençoando com sua saúde, imune ao que é passageiro. Atemporal e vivíssima, mesmo que, por toda parte, os memes sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas afirmem que já estamos todos mortos. Se cabe aqui uma tentativa humilde de ironia, num texto sobre o mestre desse caminho estilístico: Viva, Brás Cubas! O mais imortal dos defuntos! E viva Machado de Assis. Viva a literatura brasileira.