Cachoeiro de Itapemirim tem uma Casa de Apoio aos Portadores de Câncer. Talvez exista quem ainda não saiba que a médica oncologista Sabina Bandeira Aleixo tem uma importância fundamental na existência deste espaço de acolhimento.
No local são recebidos pacientes e familiares de outros municípios que fazem tratamento contra o câncer no Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (Heci).
Em nossa entrevista, a médica fala de como tudo começou e de que como uma gaúcha veio parar no interior do Espírito Santo, onde nasceu o seu casal de filhos, e se adaptou muito bem.
Discreta, ela não se exalta, mas certamente sente nos afetos que recebe ao longo do caminho que se tornou uma das profissionais mais queridas e respeitadas de sua especialidade no sul do Estado.
A vaidade não tem lugar na sua rotina agitada entre o atendimento aos pacientes no Heci e o trabalho voluntário na Casa de Apoio.
É ela quem coordena todos os eventos e almoços e jantares beneficentes e festivos que ajudam a sustentar o local.
Literalmente, veste a camisa de todas as campanhas e mantém viva a chama do amor e da dedicação que escolheu como prioridade de vida.
Nossa Brava Mulher desta edição é a Dra Sabina Bandeira Aleixo, que também é professora universitária e vai nos contar um pouco da sua história.
Como uma gaúcha veio parar em Cachoeiro?
Fui convidada pelo Dr. Canary, um radioterapeuta que trabalhava no Hospital Evangélico. Cheguei aqui em 2002, logo após terminar minha residência médica em Oncologia. Cheguei em pleno verão daquele ano.
Fale um pouco mais de como surgiu a Casa de Apoio aos Portadores de Câncer.
Em 2002, quando chegamos em Cachoeiro, uma amiga nossa, a Joíta Borghinet, estava fazendo tratamento contra o câncer. Nós percebíamos que os pacientes que moravam longe tinham muita dificuldade de continuar com o tratamento.
No caso da radioterapia, que era de segunda a sexta-feira, era muito difícil. Aí a Joíta se incomodava porque dizia que ela era uma privilegiada porque estava na casa dela e tinha todo o apoio da família.
Então conversamos sobre o que poderíamos fazer para ajudar estes pacientes, para que não deixassem de fazer o tratamento.
Em Porto Alegre, onde fiz minha formação, era muito comum ter várias casas de apoio perto do Hospital das Clínicas para dar suporte aos pacientes.
Conversamos sobre isso e decidimos fundar a Casa de Apoio de Cachoeiro. Nos reunimos eu, Pulido (médico oncologista José Zago Pulido, marido de Dra Sabina) ,e Joíta, e chamamos outras pessoas.
Decidimos fundar a Casa de Apoio aos Portadores de Câncer. A advogada Maria Lúcia Cheim Jorge nos deu apoio, fizemos o estatuto, chamamos o Rafael Dalvi, que hoje é juiz, e conseguimos fundar o Grupo de apoio que existe até hoje.
A nossa primeira missão foi alugar um imóvel para fazer a nossa Casa de Apoio. Conseguimos com esforço e ajuda de muitas pessoas a fundar a Casa de Apoio
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Dos fundadores, muitos já morreram. Eu e Pulido continuamos atuando como voluntários. E contamos com o apoio de muitas pessoas, sempre.
A médica faz questão de agradecer à família Scaramussa pela doação do terreno e construção da Casa de Apoio. “A Casa leve o nome do pai do Rodrigo Scaramussa, que fazia tratamento conosco. Somos muito gratos à sua família e à sua empresa, que possibilitaram que tantas pessoas sejam acolhidas com dignidade”, destaca.
Mas Sabina faz questão de lembrar que existem muitas pessoas que merecem o respeito e admiração dos voluntários, pois durante todos estes anos sempre apoiaram todas as campanhas que permitiram o apoio aos pacientes com câncer.
Qual a principal lição que sua profissão ensina todos os dias?
A melhor lição que aprendi nesses anos de dedicação aos pacientes oncológicos é que a vida passa rápido. Por isto deve ser aproveitada todos os dias juntos às pessoas que são importantes para você.
Qual é o maior desafio de trabalhar com pacientes oncológicos?
O câncer trás muito medo e angústia. Conseguir aliviar e ajudar ao paciente no processo do diagnóstico ao tratamento, que nem sempre é curativo, é meu desafio diário. Temos dias muito bons e dias não tão bons. Tento sempre fazer o meu melhor.
Algum fato em especial mostra que escolheu a profissão certa?
Um oncologista tem muitas histórias, pois estamos presentes num momento muito crítico na vida das pessoas. Mas uma das histórias mais marcantes foi quando recebi uma paciente vinda de outra cidade, pois tinha sido operada e recebido a informação que tinha uma doença incurável. Na época eu não desanimei fui na busca de marcadores tumorais para novos tratamentos, achamos um marcador, ela fez o tratamento com droga alvo- específico. Fizemos uma nova cirurgia, desta vez com um cirurgião oncológico, e deu tudo certo. Isso ocorreu há sete anos e ela está viva e curada. E já tem uma filha trabalhando como enfermeira no hospital. Muito bom saber que fiz a diferença na vida dessa família. Isso é o que nos move.
Se tivesse que deixar uma mensagem aos nossos leitores, qual seria?
Na minha profissão vejo como a vida é imprevisível. Então seja feliz hoje, pratique o bem e faça as escolhas certas para que amanhã você tenha orgulho e saudades.
Bazar ajuda a manter Casa de Apoio
A médica lembra que outra forma de sustento financeiro da Casa de Apoio é o bazar mantido pela instituição.
Ele funciona ao lado do Hospital Evangélico e as peças à venda são doadas por lojas e por pessoas que sensibilizam com a causa.
A loja possui perfil no Instagram e quem quiser doar ou comprar pode fazer contato pelo direct: @bazarcasadeapoio