A nossa Brava Mulher dessa edição é a policial civil e fisiculturista Núbia Bazeth Silva. Com 50 anos, é mãe de dois filhos e atua como escrivã na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Cachoeiro.
Formada em Direito há cerca de 30 anos, ela atuou como advogada na década de 90 da primeira Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica do Espírito Santo. Também é estudante de Nutrição.
Mas nossa matéria abordará especificamente o esporte que pratica há pouco tempo e que a projetou nacional e até internacionalmente diante dos excelentes resultados que tem alcançado, o fisiculturismo. “Faço tudo com muito orgulho”, ressalta a nossa Brava Mulher.
Ela representou Cachoeiro de Itapemirim e o Espírito Santo no campeonato mundial Mr. Universe Brasil, realizado em São Paulo entre os dias 17 e 19 de agosto e é a Top 3 da competição em disputa com centenas de candidatas.
O evento foi organizado pela Federação Internacional de Fitness e Culturismo (IFBB), pela Confederação Sul-Americana de Culturismo e Fitness (CSFF) e pela Confederação Brasileira de Musculação, Fisiculturismo e Fitness.
Núbia Bazeth diz que a prática do esporte, a princípio, nunca foi um sonho, mas que sempre gostou do fisiculturismo. “Admirava as atletas, admirava o estilo de vida, entretanto ainda não tinha capacidade de ter a disciplina exigida”, pontua.
Em nossa entrevista vamos saber um pouco mais dessa mulher que conheceu o fisiculturismo aos 24 anos através do professor Mauro Maleque, que apresentou o esporte a ela, momento em que se apaixonou pela atividade. No entanto, ela só passou a se dedicar ao esporte mais de 20 anos depois.
“Mas como disse, o fisiculturismo exige tempo integral do atleta, exige as 24 horas do dia, pois não se trata apenas de treino, tem a dieta e o descanso que também fazem parte e influenciam o resultado”, relata.
Segundo a atleta, apenas agora, depois de anos, se reencontrou com o esporte, desta vez com maturidade que a permitiu concretizar seu sonho antigo de subir ao palco pelo menos uma vez.
“E meu então namorado, também atleta, Carlos Eduardo, e o treinador dele, Renato Gava, compraram a ideia e me transformaram na atleta que sou hoje”, esclarece.
Vamos saber um pouco mais da rotina dessa atleta disciplinada que alcançou resultados relevantes após a dedicação aos treinos, à mudança da alimentação e de hábitos, à priorização das pausas para o descanso.
Com a palavra a brava mulher Núbia Bazeth Silva, a quem pessoalmente já encarei como uma pessoa sisuda e de poucas palavras, mas atraiu o meu olhar mais cuidadoso ao ser lembrada por vítimas de violência doméstica que foram orientadas e defendidas por ela na Casa Abrigo há décadas.
Todas falam da “Drª Núbia” com carinho pelo apoio recebido nos momentos mais difíceis e sofridos das suas vidas. Que esse atendimento e olhar cuidadoso continuem na Delegacia da Mulher. Vale destacar que só é lembrado quem faz diferença. Com a palavra a brava mulher Núbia Bazeth da Silva.
O que a impulsionou e que mudanças foram necessárias para alcançar esses resultados?
O meu impulso foi a paixão pelo esporte mesmo. Sempre me encantei com os corpos musculosos e condicionados, com a perfeição do corpo humano e como ele pode ser esculpido. Eu queria aquele corpo em mim, queria ter aquele condicionamento. E para isso tive que mudar hábitos antigos, como beber, fumar e comer de tudo sem restrições. Tive que cuidar mais do meu descanso, ser mais disciplinada, mudei hábitos que mudaram a minha vida para melhor.
Em algum momento a rotina pesou e você pensou em desistir?
Nunca passou pela minha cabeça desistir por causa da rotina, pelo contrário, eu aguento a rotina pesada porque praticar o esporte me dá disposição e vida.
Qual a principal lição que essa nova fase de sua vida te ensinou?
Hoje vejo que nada é impossível, basta você querer verdadeiramente. Quem quer faz, não dá desculpas. Esse é um clichê acertadíssimo. Recomendo que se estabeleça objetivos claros. A partir daí fica mais fácil traçar as estratégias para alcançá-los, e com certeza a disciplina é a mais importante delas. Isso se aplica em qualquer área da vida, não somente no esporte.
Que conselho daria às mulheres?
Se você está feliz ótimo. Mas se você se olha no espelho e não está satisfeita, não fica achando desculpas e justificativas, você é mais capaz e mais forte do que imagina. Esse esporte me ensinou isso. Hoje eu sou uma máquina de guerra. Respeito meus limites, me permito cair, fraquejar, errar, descansar, me permito até mudar o objetivo, só não me permito parar e desistir.
Relate algum fato que marcou a sua vida de fisiculturista
Ser a primeira Wellness Master acima de 45 anos do estado, fazer dupla com meu marido no primeiro campeonato de Fit Pears do Brasil, e meu primeiro campeonato, sem dúvida alguma, onde subi depois de um ano e meio que decidi ser atleta e fiquei entre as cinco melhores do país.
O que o trabalho na Delegacia da Mulher te ensinou?
Meu trabalho me ensinou a ser mais tolerante, paciente, e a entender que uma história nunca tem um lado só.