Na matéria de hoje vamos tratar do desenvolvimento econômico de Cachoeiro. As informações são de Gilson de Souza Eleutério, historiador e tesoureiro da ONG Amigos do Trem Regional do Espírito Santo.
Em seus estudos, ele diz que há relatos de que a economia de Cachoeiro tenha começado com as fazendas de cana de açúcar, que produziam, além do açúcar, a aguardente.
“ Por volta de 1815 é aberta a estrada até Cachoeiro e instalado o Quartel das Barras, com 30 praças, para dar segurança contra os ataques indígenas”, informa.
Ele lembra também que entre 1820 a 1825 foram realizadas outras incursões por bandeirantes para o interior do município, e que várias fazendas foram surgindo na região, movimentando a economia local.
“Entre 1825 e 1845 Cachoeiro já tinha 20 fazendas produzindo açúcar e aguardente, abastecendo toda a colônia do Espírito Santo e exportando para o Rio de Janeiro e em 1846 surgiu a primeira loja comercial”, enfatiza Gilson Eleutério.
Entre os anos de 1830 e 1860 Cachoeiro já abastecia toda a Colônia, relata. “A partir de 1860, começou o plantio de café e pouco mais de 15 anos depois, Cachoeiro deu um salto enorme na sua economia”, conta o historiador.
Com aumento do plantio, várias localidades surgiram no sul do Estado. Alegre foi fundada em 1858, Bom Jesus de Itabapoana em 1863, Rio Pardo (atual Iúna), Veado (atual Guaçuí) e São Jose do Calçado em 1873.
Durante a ampliação das fazendas, o Governo do Estado, com apoio dos fazendeiros, investiu na melhoria das estradas ,principalmente Itapemirim x Ouro Preto (na época capital de Minas Gerais), acrescenta Gilson Eleutério.
Segundo ele, o capitão Henrique Deslandes, observando o imenso movimento de muares, desde Guaçuí, Castelo, Jeronimo Monteiro, Alegre, Rive, Coutinho e Cachoeiro até o porto de Itapemirim, viu neste movimento uma ótima oportunidade de negócios, criando em 1876 o transporte fluvial.
Ele se iniciava na “volta do caixão” e ia até o porto de Itapemirim. “Tanto o transporte de carga quanto de passageiros, levando café e madeira e trazendo itens vindo do Rio de Janeiro para Cachoeiro”, destaca.
O transporte era por balsa, barco e canoas e o fluxo fluvial era intenso: barcos a vapor, canoas, pranchas, barcos a vela, principalmente de novembro a março, período de chuvas. Com aumento da produção, a logística de transporte era cada vez menos eficiente .
“No período chuvoso, era praticamente impossível chegar até Cachoeiro, e os produtores de café de toda região, sabendo da implantação de ferrovias no Rio e Minas, colocaram pressão para criação desse meio de transporte em Cachoeiro, o que acabou acontecendo no final do Século XIX.
Em nossa próxima matéria vamos falar do transporte ferroviário em Cachoeiro de Itapemirim e outras cidades do Sul do Estado.