Os moradores da rua 25 de Março, em Cachoeiro, às margens Itapemirim, estão preocupados com a alta do leito do rio, temerosos de que as águas invadam suas casas.
Uma das moradoras, a bancária Vanessa Vilarinho, diz que a família é ribeirinha desde meados da década de 60, quando seus pais vieram de Castelo para Cachoeiro.
“Cresci vendo enchentes no quintal da casa, mas nunca dentro dela, como aconteceu na enchente de janeiro de 2020”, relata.
Vanessa conta que desde então, quando o rio sobe uns 2 metros, e isso aconteceu já algumas vezes, a memória volta e o medo toma conta.
“Na enchente de 2020, entrou 1,60 metros de água dentro de casa. Ficamos ilhados no 2º andar, onde fica minha residência. Se o rio encher mais 80 centímetros a água já entra no quintal”, alerta.
Segundo ela, falta sossego e também confiança nas informações porque em 2020 a Defesa Civil falava que estava tudo sobre controle, mas que a realidade mostrou que não estava. “O jeito é ficar alerta, vigiando e começar a tirar as coisas das áreas aonde a água pode entrar”, destaca.
Vanessa Vilarinho conta que está já atenta desde a madrugada, quando recebeu um vídeo em que a Defesa Civil de Cachoeiro estava em Pacotuba alertando os moradores de que o Itapemirim ainda poderia subir mais 1 metro. “Liguei para a Defesa Civil e a informação foi confirmada”.
Defensora da natureza e da preservação ambiental, a mulher diz que não gosta de olhar para o rio como se ele fosse um perigo. “Rio na verdade é vida. A causa de desastres é a ação humana”, enfatiza.
E a moradora lamenta que coincidentemente após as construções de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH”s) ao longo do Itapemirim, as enchentes começaram a ficar mais danosas.
“Tivemos enchentes em 2010, 2015 e 2020. É a segunda vez em três meses que depois de um ou dois dias de chuvas a gente olha o rio, vê que não encheu muito, vai dormir, acorda, e o rio em uma noite subiu 2 metros. Não temos sossego. E a culpa não é do rio. É dos homens”, lamenta.
Veja o vídeo e outras imagens da cheia do Rio Itapemirim.