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Como um astro

ESCRITORAS CACHOEIRENSES - Emília Nazaré. Uma homenagem à amizade que permanece viva mesmo após a perda, mostrando como a dor transformou rotina em reconstrução e autenticidade. Um relato sobre ausência, mudança e a luz que continua a brilhar.

É bem conhecida a lista de famosos que, em diferentes épocas e por diferentes causas, partiram aos 27 anos, muitos no auge de suas carreiras e deixando ao público, além de suas obras, o choque pelas perdas tão precoces e a eterna indagação sobre que rumos tomariam se permanecessem vivos.

Há 11 anos, meu melhor amigo partiu aos 27 anos, idade que eu mesma também iria completar poucos dias depois. Quem já viveu essa dor sabe bem como ela é, então, nem vou dedicar espaço a esse ponto aqui. Também perdi outros amigos, alguns até mais novos, outros pouco mais velhos, mas esse era aquele amigo-irmão, do tipo que um já sabe dos pensamentos e impressões do outro antes que surja a primeira palavra!

Tudo parecia muito conforme quando meu amigo estava aqui, até ele partir como um astro. A vida era acordar cedo, trabalhar, talvez fazer algum curso, voltar para casa e dormir para começar tudo de novo no dia seguinte. Me divertir nos fins de semana e disputar espaço numa rotina apertada e sufocante para nutrir nossos afetos. Alguns planos eram para “quando der”, e íamos levando a vida ou deixando que ela nos levasse.

Foi no final da manhã daquele primeiro de julho que a vida deixou de ser “é o que temos para hoje” e passou a ser “é o que eu vou criar a partir de agora”!

A perda me instigou a reagir, a não esperar as condições ideais, a assumir mais desafios e criar os meios para realizá-los. Me encorajou a parar de fingir para mim mesma que estava tudo bem e me fez encarar a verdade que eu sempre soube, que eu precisava abraçar minha essência e que a minha reconstrução só viria se eu me afastasse daquilo que me ensinaram a chamar de realização, mas que só servia para me esgotar como pessoa.

O processo não foi rápido e, talvez, ainda esteja acontecendo. Mudei tudo na minha vida, mas ainda sinto falta de ter meu amigo para compartilhar cada novidade, e ainda penso em quais seriam as que ele me contaria se aqui estivesse. 11 anos se passaram e eu, por tudo o que aconteceu de lá pra cá, não sou mais a mesma. Hoje sou mais verdadeira comigo mesma, ouço e vivo mais a minha verdade, entendi que não preciso mais fingir para agradar ninguém.

E o meu amigo? Esse permanece na minha memória, na beleza dos seus poucos anos de vida. A amizade nunca morre, mesmo quando um dos amigos se vai, e a falta da sua presença física não impede que, no meu coração, ele continue a iluminar minha vida, a iluminar como um astro!

Emília Nazaré. Cachoeirense adotiva morando na Grande Vitória. Observadora e apreciadora dos detalhes, das memórias e dos encantos do nosso Estado

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Respostas de 13

  1. Parabéns Emília!
    Texto além de muito bem escrito, muito bem explanado o assunto que de um jeito ou de outro fazendo parte da vida de todos nós em algum momento de nossas vidas!
    👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

  2. O texto é uma reflexão profunda sobre a dor da perda precoce, especialmente quando um amigo próximo parte aos 27 anos, uma idade que também carrega um simbolismo para muitos artistas famosos do “Clube dos 27”. Essa perda abrupta serve como um divisor de águas na vida da pessoa que fica, instigando-a a buscar uma mudança verdadeira, a abandonar falsas ilusões de realização e a abraçar sua essência com mais autenticidade. A ausência física do amigo não apaga a amizade, que permanece viva na memória e no coração, iluminando a vida como um astro, mesmo após muitos anos.Esse relato revela como uma tragédia pode despertar um processo de reconstrução pessoal, onde a rotina sufocante dá lugar a um viver mais consciente e alinhado com a verdade interior. Ele também simboliza o impacto duradouro que a perda de alguém tão próximo pode causar — um vazio que nunca se preenche completamente, mas que também inspira crescimento e transformação.O texto dialoga com a ideia do “Clube dos 27”, um grupo informal de jovens artistas que morreram aos 27 anos, muitos no auge de suas carreiras, deixando legados que causam choque e reflexão sobre o potencial interrompido. Essa associação reforça o peso simbólico dessa idade e o misto de tristeza e inspiração que acompanha essas perdas tão precoces��.Assim, a reflexão final é sobre a força que a perda pode trazer para nos impulsionar a viver de forma mais verdadeira e significativa, valorizando os laços profundos que permanecem vivos apesar da ausência física, e reconhecendo que as memórias e sentimentos mantêm os entes queridos como estrelas que continuam a brilhar dentro de nós.

  3. Meu Deus, Emília, como você escreve bem! Que talento divino! Parabéns! Como você é inspirada e consegue tocar nosso coração! Emocionada aqui… Impressionante que você escreve com simplicidade, requinte e profundidade! Obrigada por compartilhar suas histórias e nos levar a fazer parte delas! Que Deus te abençoe e continue te usando para tocar corações! Beijos!

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