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Comunidade de Alegre evita êxodo de mulheres e movimenta R$ 1,5 milhão em 10 meses

Andréia Pegoretti

Um grupo de jovens da zona rural de Alegre decidiu fazer da comunidade onde vive um lugar ainda mais atrativo do que sugere seu nome. E assim a pequena Feliz Lembrança também virou sinônimo de “presente fértil” e “futuro promissor”.

Ao plantar engajamento, a juventude colheu importantes frutos: conseguiu evitar o êxodo rural – “moças estavam indo embora, só ficando os homens na roça” –; promover atividades focadas na preservação do meio ambiente; movimentar as transações comerciais; melhorar a qualidade de vida das 57 famílias distribuídas em 26 alqueires e se transformar em exemplo de sucesso.

Integrantes do grupo com a extensionista do Incaper Aline Chaves. Foto: Incaper/Divulgação

A economia agradece o empenho. Um censo comunitário constatou que, em 10 meses, a juventude rural movimentou R$ 1,5 milhão em recursos na comercialização de produtos. “A comunidade sabe produzir, sabe beneficiar. Eles fazem isso muito bem. São unidades familiares independentes, mas que mantêm a unidade e a identidade e levam sempre o nome da Associação de Produtores e Moradores”, disse Aline Chaves Pereira, extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) de Alegre que assiste a comunidade.

Tudo começou quando uma equipe da igreja católica local se mobilizou para recolher o lixo das propriedades rurais e reativar a associação de produtores. A ação foi o passo inicial para o sucesso da jornada da comunidade, “uma ilha de agricultura familiar com produção diversificada, cercada pela pastagem de uma propriedade criadora de gado”, como descreve o Incaper, que apoia os projetos da comunidade ao lado da Prefeitura de Alegre e de outros parceiros.

Fábio de Souza Silva, porta-voz dos jovens, ressalta o espírito de coletividade como a chave que abriu portas para a iniciativa: “A gente fala ‘nós’. Tudo o que conquistamos é fruto de um esforço coletivo”.

A experiência despertou o interesse de uma comitiva da agricultura capixaba, por meio do projeto HorizontES em Extensão. Conduzida pelo Incaper, a ação levou representantes da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa) e da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes) para conhecerem a comunidade.

Além da organização dos jovens, o trabalho prestado pelo Incaper contribuiu na diversificação das culturas e no acesso a políticas públicas e a novas tecnologias. “Nós queríamos plantar abacaxi, porque a região é propícia para o cultivo. O extensionista falou que o Incaper tinha desenvolvido um abacaxi sem espinho, resistente à fusariose, e nos levou para a Fazenda de Pacotuba para conseguirmos as mudas”, disse o agricultor.

Empreender é a palavra de ordem
Filiados da associação em frente à igreja local, onde tudo começou. Foto: Incaper/Divulgação

O empreendedorismo é traço principal dos jovens de Feliz Lembrança. Eles são 70% dos moradores locais. A maioria faz parte da Associação de Produtores e Moradores, que tem hoje 40 filiados. Com a ajuda da esposa e da irmã, Fábio administra a Frumel, uma agroindústria que produz sucos naturais.

A matéria-prima é plantada, colhida e processada dentro do pequeno território da comunidade. Atualmente, são quatro agroindústrias em Feliz Lembrança, que oferecem produtos diferenciados da agricultura familiar ao mercado local. “Onde tem uma política pública, a gente entra”, disse Fábio.

Feliz Lembrança… e também marcante recordação

Para lançar as sementes das ações, surgiu no início o primeiro obstáculo: a resistência dos vizinhos e familiares. Mas a juventude persistiu. Nas primeiras horas da manhã de uma sábado, os jovens se encontraram na pequena igreja e percorreram as propriedades rurais pra recolher o lixo que estava espalhado pela comunidade. “A gente morava num lixão e não sabia. Era lata de óleo no meio do cafezal, garrafa de refrigerante… ficamos o dia inteiro. Juntamos tudo em três pontos e ligamos para a Prefeitura de Alegre fazer o recolhimento. Tiramos 14 caminhões de lixo da comunidade”, lembrou Fábio. Desde aquele dia, a coleta de lixo é feita regulamente na comunidade de Feliz Lembrança.

Tamanha ousadia para a época só fez crescer a credibilidade do grupo na comunidade. A partir de então, as ações foram ganhando mais peso e novos focos: o esgoto deixou de correr a céu aberto depois que os jovens trabalharam na construção de fossas sépticas. A terceira idade sentiu-se mais valorizada após a mocidade organizar a Tarde de Lazer com os Idosos.

O que os jovens não esperavam é que o próximo desafio que enfrentariam era relacionado a eles próprios. “O jovem não se identificava com o campo. Nós íamos para as festas em Alegre e tínhamos vergonha de dizer que morávamos na roça. As moças estavam indo embora, só estavam ficando os homens na roça. E o pai falava para estudar. O campo te manda embora. E foi aí que nós resolvemos reativar a associação de produtores rurais da comunidade”, lembrou o jovem agricultor.

As atividades da entidade estavam paralisadas desde a década de 1990. Uma rifa foi realizada para angariar recursos, quitar as dívidas e reestruturar a associação, pontuou Fábio.

“Nós íamos para as festas em Alegre e tínhamos vergonha de dizer que morávamos na roça.
As moças estavam indo embora, só estavam ficando os homens na roça”

Fábio silva, PIONEIRO DO GRUPO DE JOVENS

 

O projeto HorizontES em Extensão
Vista da comunidade de Feliz Lembrança: presente produtivo e futuro promissor. Foto: Incaper/Divulgação

A visita à comunidade de Feliz Lembrança, em Alegre, foi uma iniciativa do projeto HorizontES em Extensão, que pretende mostrar 11 experiências de relevância para o desenvolvimento rural capixaba.

O Centro Regional de Desenvolvimento Rural (CRDR) Caparaó, que coordena 10 Escritórios Locais de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper, recebeu sugestões vindas de vários municípios. “Foram 15 experiências sugeridas pra gente. No final, Guaçuí e Alegre foram selecionadas, e pelos critérios de escolha, Feliz Lembrança acabou vencendo essa disputa. “Estamos esperando o próximo HorizontES para apresentarmos outros trabalhos bacanas que são desenvolvidos pelo Incaper aqui na região”, disse Ricardo Eugênio Pinheiro, coordenador do CRDR Caparaó.

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