O Instituto Irmã Cultural Irmã Vicência (ICIV) ofereceu oficinas aos interessados em aprender a arte de confeccionar os quadros e passadeiras que formam os apreciados tapetes de Corpus Christi de Castelo. As aulas, gratuitas, já foram concluídas e alguns alunos de Jerônimo Monteiro já estão envolvidos na preparação dos tapetes da cidade a partir da vivência em terras castelenses.
Uma dessas alunas foi Maria Alini Benevides da Silva, que, em busca de aprimoramento e novas ideias, que ao lado da coordenadora do Conselho de Pastoral Paroquial e da secretária da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora , Flávia Neves de Souza Bernardo, procuraram o ICIV e levaram 20 pessoas da primeira oficina e cinco da segunda.
Ela conta que o aprendizado já está sendo utilizado nos preparativos da Festa de Corpus Christi da Paróquia, com o apoio da Prefeitura e da Câmara Municipal. “Saímos das oficinas encantados e ávidos por mais detalhes sobre a preparação dos materiais e a confecção dos tapetes. O resultado final será revelado em 19 de junho, mas já é notável o grande entusiasmo de todos que participaram dos cursos”, relata.

Alini conta que este seleto grupo, que inicialmente contava com 10 pessoas, já soma mais de 50 membros, que com imenso empenho dedicam seu tempo à preparação de todos os materiais a serem utilizados no dia 18 de junho.
Processo de troca
Um dos professores das oficinas é Thainan Vettorazzi Bernabé, membro da comissão paroquial permanente e da comissão artística da festa e também responsável pela coordenação artística de alguns quadros e algumas passadeiras. Ele fala da experiência de compartilhar com as pessoas as técnicas do processo de confecção dos tapetes em castelenses.
O professor conta que na oficina foram apresentadas todas as etapas para confecção de um quadro, iniciando com a escolha do desenho que transmita o sentido verdadeiro do tema, sua composição em uma moldura que o valorize, passando pela montagem deste desenho já impresso em papel ( a gráfica entrega as impressões em partes que precisam ser unidas para formar o desenho completo), seguindo com a colagem da areia nos contornos das molduras, e pintura dos materiais, todas estas etapas executadas no período de preparação.
Thainan explica ainda que cada um apresentou suas experiências, suas práticas e produziram juntos um quadro semelhante aos que são feitos no dia da festa. “Esta oficina foi importante, acima de tudo, para encorajar estes novos voluntários e mostrar que todos são capazes de produzir obras lindíssimas, basta que tenham paciência e dedicação”, comenta.
O próximo passo foi a parte da execução do desenho. “É nesse momento que o pó do mármore colorido com pigmentos é depositado sobre o desenho no papel, de modo a reproduzir as imagens escolhidas em uma escala ampliada. Nesse ponto a paciência é a principal aliada. A observação e identificação das cores também é essencial. A maneira e o movimento com que o pó é derramado sobre o papel fazem a diferença sobre como as cores interagem entre as partes do desenho”, detalha.
E Thainan fala dos desafios enfrentados pelos participantes da oficina. “O maior desafio é lidar com a insegurança dos voluntários, afinal, não é fácil iniciar um desenho complexo que consiga transmitir sentimento, é algo que requer muita sensibilidade. Mas a oficina cumpriu bem seu propósito, pois conseguiu que todos ficassem mais confiantes e preparados para este trabalho que irão desempenhar”, acredita.
O professor fala do resultado desse trabalho que pretende multiplicar o número de voluntários com conhecimento e prática na arte da confecção de quadros e passadeiras que formam os lindos tapetes de Corpus Christi de Castelo.
“Ensinar estas pessoas, na realidade, foi um processo de troca. O mais importante foi ver como um interagia com o outro, no sentido de se ajudar mutuamente, afinal a obra é coletiva”, conclui.
SAIBA MAIS
– o que é chamado de tapete é na verdade um conjunto de 17 quadros e 17 passadeiras, dispostos de maneira intercalada. Isto é, um quadro seguido de sua respectiva passadeira, depois o quadro seguinte seguido de sua respectiva passadeira e assim sucessivamente, formando um circuito fechado por onde passa a procissão
– os quadros são painéis quadrados de 5 x 5 metros, cujos desenhos são executados sobre o papel
– as passadeiras são quadros de 4 x 4 metros que vão se repetindo por um número variável de vezes, ligando-se ao quadro seguinte.
– Estes desenhos são executados de maneira guiada por uma forma metálica que é preenchida por diversos materiais, formando grandes mosaicos.
– cada conjunto quadro/passadeira apresenta um subtema que compõe este “roteiro” de catequese dentro do tema central da festa.
– o quadro apresenta o tema de maneira figurativa, isto é, traz figuras mais complexas artisticamente que tem esta função de introduzir o tema. A passadeira continua trazendo o mesmo tema do quadro anterior, desenvolvendo-o. Como as passadeiras têm um extensão maior, elas permitem que os visitantes reflitam sobre o tema proposto, à medida que caminham, admirando seus desenhos.
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