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Crônica: a bicicleta mágica

Lorena_Marchesi
Lorena Inocência Marchesi Caetano

CRÔNICA: Lorena Inocência Marchesi Caetano é professora de Inglês com foco em Business, Tradutora e Intérprete de língua inglesa, poetisa, praticante de canto, esposa e mãe.

 

“É preciso podar os excessos” – Pensava primeiro. Depois dizia em voz alta, como se fosse possível ensinar o ofício à tesoura. – É preciso podar os excessos – Se justificava, como se fosse possível explicar todas as escolhas da vida. Mas agora as rosas estavam bem. Vovó prometera a si mesma que não ia mais se descuidar, nem deixa-las morrer. Assim, passou a ficar ali mais tempo, pois sabia que era um bom negócio cercar-se de belas amigas. Netinha sempre chegava quebrando o silêncio.

– Vovó, fala para minha irmã que eu não posso deixa-la andar na minha bicicleta!

– Por que ela iria querer andar na sua bicicleta? – Como se não soubesse que é isso que todas as irmãs menores desejam.

– Porque a minha bicicleta é ma-i-or, me-lhor e mais in-crí-vel! – E cruzava os braços esperando uma providência. Mas Vovó nem parava o que estava fazendo; já sabia resolver isso.

– Sua bicicleta pode ser muito boa, mas ainda não é uma bicicleta mágica.

Graciosa acordava cedo todas as manhãs, ininterruptamente. Se bem que naquela noite quase não dormira, à espera de sua bicicleta nova. Apesar de já ter crescido um tanto, ainda tinha tempo para sonhar com roupas, bonecas e aventuras. Aquela bicicleta seria seu derradeiro presente de infância. E lá estava ela, ao lado da antiga. Mais parecendo uma sujeita grandalhona ao lado de uma miúda. Pai e mãe não tinham acordado ainda e ela já saiu pedalando rua afora. No caminho pensando em como tinha valido a pena esperar, pois aquela era a maior, melhor e mais incrível bicicleta que existia. Cercou a casa, procurando a janela certa, sendo rapidamente notada pela Tia; que é como se chamam as mães das amigas.

– Só vim chamar Encantadora para andar de bicicleta. – Articulava primeiro, como se fosse preciso que um “só” aumentasse o tom de urgência. – Andar de bicicleta. – Repetia, enquanto a amiga se sentava. Como se a redução da frase também reduzisse o tempo de espera.

Encantadora tomava o café da manhã todos os dias, impreterivelmente – afinal, já tinha treze anos e sabia manter a ordem certa das coisas.

– Vamos dar uma volta na praça. – Resolveu. E saíram pedalando rua afora.

As meninas moravam num lugar sem muitos atrativos e sem muitas pessoas estranhas. Uma praça pequena, umas ruas pequenas, umas casas pequenas, uns cajás pequenos… Mas sentiam um apego grande, do tipo que se escolhe sentir. Por isso, para Graciosa, ganhar uma bicicleta nova só terminava com mostra-la à sua melhor amiga.

Naquele dia a brisa soprou suave no rosto de Encantadora e, de repente, seus cabelos começaram a ficar mais longos, mais volumosos e mais ondulados. Graciosa olhava com espanto o balançar daquelas ondas, de onde se viam: conchas, peixinhos e estrelas do mar, descendo e subindo à superfície. Da bicicleta saiam notas musicais e cheiro de pão de nata. Um bem-te-vi pousou no guidão e ficou com as meninas até o fim do passeio. Cantava para as árvores que lhes acenavam educadamente. O chão não era chão. Era uma pista de letrinhas espalhadas, passando na frente das casas, que dançavam, balançavam e se divertiam ao som da música que as duas faziam.

Nuvenzinhas sorriam no céu. Quando enfim chegaram à praça, já tinham dado muitas voltas por aí. De vez em quando parando para conversar.

– Vamos voltar, ou vamos nos atrasar para a escola. – E voltaram pedalando para casa. Graciosa ergueu os braços para o alto, como se fosse possível prolongar aquele momento, pois sabia que era um bom negócio dividir os presentes com as amigas.

Lorena Inocência Marchesi Caetano. Foto: Acervo pessoal
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