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Do teatro à ficção científica: a trajetória de Sara Passabom até Status Manequim

Sara Passabom descobriu o poder transformador da arte ainda na infância, durante a apresentação de um trabalho de Português.

Tudo começou com uma menina em cena, vestida de Pollyana, personagem do clássico de Eleanor Porter.

Era o fim dos anos 1970, na Escola Polivalente Professor Claudionor Ribeiro, em Cachoeiro de Itapemirim.

Naquela apresentação escolar, Sara Passabom descobriu o poder transformador da arte. Não era apenas teatro. Era libertação.

Era reencontro com algo que já morava nela: o desejo profundo de representar o mundo — e também de reinventá-lo.

Mesmo com pouco acesso à formação teatral na cidade, Sara não desistiu. Buscou espaço no teatro amador, encontrou acolhimento no Grupo Cachoeiro de Teatro, sob a direção do inesquecível Matatias Soares, como faz questão de destacar.

E iniciou ali uma jornada que atravessaria décadas, palcos, salas de aula como professora de teatro — e agora, as telas do cinema.

Hoje, Sara é a diretora de Status Manequim, seu primeiro curta-metragem, onde leva toda a força cênica construída no teatro para o universo audiovisual.

“O teatro me tirou da subalternidade para uma liberdade de expressão. Ele é a base do meu olhar como artista e diretora”, diz, com a segurança de quem trilhou o caminho com coragem e consciência.

E essa base teatral pulsa em cada cena do filme. Está na liberdade de criação dos atores, na valorização do momento presente, no respeito à coletividade e à espontaneidade.

“Mesmo com roteiro, há espaço para a vida acontecer em cena. Isso veio da minha formação em performance e da sala de ensaio, onde o coletivo é rei”, conta.

Quando o futuro revela o presente

Status Manequim escolhe um caminho ousado: a ficção científica, para falar de algo muito real — as opressões que ainda pesam sobre o corpo e a vida das mulheres.

“Quis projetar o futuro para criticar o agora. Como é possível que, em pleno século XXI, a mulher ainda enfrente tanta violência, tanta opressão?”, questiona Sara.

A resposta é uma obra provocadora, nascida da experiência de quem viveu o machismo estrutural no meio artístico — especialmente no cinema, ainda tão dominado por homens.

Para Sara, falar da mulher é mais do que uma escolha temática: é uma urgência política e estética.

Um filme que não pede licença

Status Manequim não quer agradar. Não quer ser confortável. Quer provocar. Chocar. Fazer pensar. E isso começa na escolha do cenário.

A obra foi rodada em Vargem Alta, uma cidade pequena do interior capixaba. Uma revolução tecnológica ali?

Isso já é, por si só, uma crítica à lógica que centraliza o futuro nos grandes centros urbanos.

“A gente quis quebrar expectativas desde o início. Nada é mais distópico do que imaginar um futuro avançado em um lugar onde o tempo parece passar devagar. É nisso que o filme aposta: no contraste como provocação”, explica.

Uma história de resistência

O roteiro foi escrito por seu filho, Victorhugo, e adaptado em parceria. Mãe e filho, artista e roteirista, criaram juntos uma obra que amplia o debate sobre o feminino, o poder e a autonomia.

Dirigir o filme foi um desafio gigantesco, Sara admite. “No teatro, tudo é olho no olho. No cinema, existe um aparato técnico que era novo para mim”, ressalta.

Mas diz que com uma equipe comprometida com os princípios, conseguiram vencer cada obstáculo. Aliás, foi justamente o que aprendeu no teatro — o valor do coletivo e da presença verdadeira — que a ajudou no set.

“A escuta entre elenco e direção é o que sustenta a obra. O teatro me ensinou isso, e eu levei pro cinema.”

Arte como enfrentamento

Sara Passabom é clara e incisiva quando fala sobre o papel da arte: “Ela não está aqui para salvar ninguém. Mas todo ser humano tem o direito de se expressar artisticamente. A arte provoca, desestabiliza, nos tira do lugar de submissão.”

Para ela, a arte precisa ser política, estética e afetiva. Precisa resistir, especialmente num mundo cada vez mais massificado, robotizado e indiferente às singularidades.

Sara Passabom destaca que Status Manequim é mais do que um filme: é um manifesto poético, um espelho rachado que nos obriga a enxergar de novo, com outros olhos.

“É o resultado da trajetória de uma mulher que, desde criança, entendeu que representar também é questionar, provocar, existir — e resistir”, enfatiza.

Status Manequim está cartaz. Ao fim da sessão, não se espera apenas aplauso. Se espera desconforto. Reflexão. Movimento.

Porque quando Sara Passabom cria, ela nos convida a sair do automático e entrar num novo mundo.

Um mundo em que a arte não adormece consciências — desperta revoluções.

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