A Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa (Ales) está preocupada com a possível incidência de uma doença que afeta principalmente plantações de citricultura, como como laranja, limão e mexerica, provocando a perda de produtividade das plantas.
O greening chegou ao Brasil em 2004, com registros em plantações paulistas e, ultimamente, foi detectada em Minas Gerais, sem apresentar registros no Espírito Santo. Deputados capixabas debateram o assunto com especialistas, pesquisadores e produtores rurais, como forma de se prevenir ao problema.
De acordo com Ringo Batista de Souza, agrônomo do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf), a doença é causada por uma bactéria que tem como vetor o inseto Diaphorina citri. A fase assintomática da doença é de 36 meses e a manifestação acontece de forma lenta, com folhas amareladas e fruto deformados por conta do bloqueio do fluxa seiva, provocado pela bactéria, que afeta também o componente nutricional da planta.
A preocupação com o greening surgiu após uma visita do deputado estadual Torino Marques (PSL) ao município de Jerônimo Monteiro, um dos principais produtores de laranja e tangerina do Estado.
“Essa agenda foi resultado de uma visita que eu fiz a Jerônimo Monteiro. Os produtores apresentaram essa demanda porque muitos não sabem o que fazer diante da possibilidade dessa doença. É fundamental que o Executivo fortaleça as equipes do Incaper e do Idaf para que consigam desenvolver trabalhos de orientação e prevenção”, destacou Torino.
Após a reunião, presidida pelo deputado Torino, em que estiveram presentes os deputados José Esmeraldo (MDB), Emílio Mameri (PSDB), Luciano Machado e Marcos Garcia (ambos do PV). A comissão decidiu fazer uma reunião com a Secretaria Estadual de Agricultura.
Monitoramento
O Idaf desenvolve um trabalho conjunto com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a Universidade Federal do Espírito Santo para monitorar o aparecimento da doença, por meio do AlertGreen, um programa desenvolvido pelo agrônomo do Idaf, Ringo Souza, junto com outros servidores do Estado.
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“O trabalho consiste em capturar o inseto e identificar a bactéria no vetor por meio de exames. Com isso, conseguimos saber quais regiões estão vulneráveis e agir de maneira preventiva”, explicou Souza.
O projeto foi, inclusive, vencedor em uma das categorias do Prêmio Inoves 2018, que premia ideias criativas e inovadoras no setor público.
A compra de mudas contaminadas também pode ser um fator que ajuda a disseminar a doença. “Existe o mercado de mudas clandestinas porque existe quem compra. O produtor rural é o grande responsável pela manutenção de um mercado clandestino, sem registro fitossanitário”, alertou o agrônomo.
Impactos
A engenheira agrônoma do Incaper, Mariana Abdalla Prata Guimarães, destacou os impactos econômicos e sociais da doença.
“A possibilidade de entrada do greening no Estado é muito preocupante. A doença tem um impacto econômico e social. É fundamental registrar que as perdas de produtividade são enormes. E nós temos famílias que dependem totalmente da produção de frutas cítricas. Por isso, é tão importante esse monitoramento como forma de prevenção”, disse a engenheira.
Mariana também destacou a importância de orientar os produtores e capacitar os técnicos que atuam diretamente com essa comunidade.