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A paixão pela fotografia moveu a fotógrafa Taynara Barreto a organizar a exposição on line “A Cidade se faz no Caminho” a partir de 120 fotos feitas em sua maioria por pessoas comuns, que puderam externar o seu olhar sobre o cotidiano da cidade.

São 12 participantes, com idade entre 18 e 60 anos, e apenas dois tinham alguma noção de fotografia. Cada um tem 10 fotos na exposição, que não tem data para sair do ar.

Segundo Taynara, a exposição é um projeto que busca ressignificar a relação com a cidade através da fotografia e foi a forma que encontrou de expressar e transformar em algo concreto a maneira como enxerga a vida e o que a atravessa.

“Alegre é a minha segunda paixão. Apesar de não ter nascido aqui (sou guaçuiense), eu criei laços muito profundos com a cidade. E eu precisava retribuir esse sentimento de alguma maneira. Eu tento sempre enxergar esta cidade com carinho”, destaca.

A fotógrafa diz que quando percebeu, havia criado um pequeno acervo sobre a cidade, e que de maneira muito despretensiosa começou a estudar essa relação com as minhas fotos e com a cidade, e foi daí que nasceu o projeto.

Ela conta ainda que percebeu ainda que através de uma simples caminhada seria possível compartilhar desta reflexão com mais pessoas, e assim chamar a atenção da sociedade sobre o valor poético desta reflexão.

“Inscrevi o projeto e esta idealização de pensamento no Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, oferecido pela Funarte todos os anos e que já consagrou tantos nomes importantes da fotografia brasileira. E para minha surpresa, hoje eu sou uma dessas pessoas”, comemora.

Taynara Barreto enfatiza que mais do que uma exposição, ela trabalhou com os caminhantes uma reflexão sobre o que nos atravessa (de maneira sensível mesmo) no caminho.

“Muitas vezes nos esquecemos de olhar para a cidade, para aquilo que nos cerca e vivemos no automático, ainda mais em uma cidade interiorana como Alegre”, explica.

A fotógrafa esclarece ainda que “A Cidade se faz no Caminho” busca essa quebra de contato e isso se realiza na caminhada, no andar e no investigar de quais são esses lugares de atravessamentos.

“A exposição é resultado desta imersão na cidade. É como cada um registrou suas próprias memórias desse lugar, através da arquitetura, das pessoas e dos detalhes”, pontua.

Um dos participantes da exposição é o psicólogo Ricardo Muniz. Ele conta que participar da oficina foi uma experiência maravilhosa, desde o recebimento do material que  receberam antes de ir para a prática.

 

 

Ricardo fala das tentativas até chegar no dia dos registros. “Eu me senti super bem em ter participado da oficina e de conseguir passar, através dos registros selecionados, uma sensibilidade e foco que até então não sabia que era capaz.

“Graças à partilha e troca com todos os colegas do Projeto e com a Taynara, que nos acolheu e nos orientou da melhor forma possível e que é uma excelente pessoa e uma excelente profissional, aprendi a parar e a perceber novos lugares”, relata.

Ricardo diz que sempre teve interesse por fotos, de forma geral. De ficar por horas vendo fotos e mais fotos. Da infância, da escola, e dos momentos de lazer, entre outros.

“E sempre tive uma curiosidade também, sobre como registrar algo que representa um momento tão singular, como um nascimento, aniversário, casamento, formatura. Sempre fui observador. Daqueles que consideram o todo, além do óbvio”, acrescenta.

O participante da exposição reforça que olha o todo e não apenas uma parte da foto e que agora, após a oficina, consegue olhar para um lugar, uma paisagem, um percurso e saber exatamente o que quer e pode registrar naquele momento.

“Antes eu não percebia os novos lugares. Agora eu percebo isso quase que instantaneamente. E os feedbacks que eu recebi das fotos que eu registrei foram os melhores. Foi além da minha percepção, porque as pessoas que viram as fotos disseram sentir essa sensibilidade também. Isso vira uma chavinha pra mim. Saber que eu consegui registrar algo, dessa grandiosidade, e que estará registrado para a história de Alegre daqui pra frente”, destaca.

 

Fotografia e intuição

 

A organizadora da exposição ressalta ainda que o Prêmio Marc Ferrez só consagrou tudo aquilo que a despertou de maneira intuitiva, de permitir a ela entrar em contato com esses sentimentos através da arte: a fotografia.

E se existe um legado da exposição “A Cidade se faz no Caminho”, é ter criado não só um acervo de imagens, mas nessas imagens ter impressa uma reflexão sensível em todos aqueles que veem essas fotografias.

E Taynara enfatiza que não é só isso, mas também o sentimento de orgulho e pertencimento por ser parte daquilo ali também. “A fotografia dispensa essa efemeridade criada com tudo que a tecnologia e a pressa representam pra nós hoje”, avalia.

Outro ponto de que a fotógrafa destaca é que a Covid-19 nos privou desse contato com a cidade no período do isolamento, ou aprofundou o caminho de quem continuou saindo pra trabalhar, mas encontrava um contexto adverso.

“Essa vivência que a pandemia nos deu ampliou, sem querer, a necessidade de repensar a nossa relação com a cidade. E nesse sentido, o legado é ainda histórico, o de vivenciar essa cidade num contexto pós pandêmico”, conclui.