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Fé Corrompida

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

“Deus pode nos perdoar pelo o que fizemos a este mundo? Não sei. Quem pode conhecer a mente de Deus?”

Esse é um entre os excelentes e incômodos diálogos presentes no filme Fé Corrompida, 2017 – disponível na Netflix. O protagonista do filme, o pastor Toller, está passando por uma crise existencial quando conhece um jovem ativista ambiental chamado Michel. Preocupada com as atitudes e com o comportamento do marido, sua esposa Mary pede ao reverendo que os visite, na esperança de que o religioso possa trazer palavras de conforto e esperança para a mente devastada e inquieta de Michel. É a partir desse ponto que o filme – que a princípio dá sinais de ser uma história sobre os conflitos internos do homem que questiona sua fé e os desígnios de Deus – começa a se mostrar como uma obra muito mais contemporânea e pontual em relação aos assuntos que elege privilegiar, pois sua principal discussão e argumentos são as conversas entre esses dois personagens, que nos arremessam em uma visão religiosa e cristã sobre assuntos que são tratados, quase que unicamente, nas esferas científicas, econômicas e político-sociais: a iminência da catástrofe ambiental em nosso planeta.

Se os cristãos acreditam viver em um mundo criado por Deus, onde toda a natureza e toda riqueza ambiental é parte da divina dádiva da vida que nos é concedida pelo Pai – não seria toda essa devastação e destruição causadas em larga escala um ataque frontal e um pecado mortal, cometidos pelo homem, contra o próprio Deus e contra sua vontade e seus desígnios?

E quais são o papel, a posição e as atuações práticas desempenhadas pelos altos representantes de Deus na terra – pastores, padres, bispos e quaisquer outras designações de cargos dentro da hierarquia religiosa – que são realmente efetivas contra aqueles que causam dificuldades e entraves aos projetos de desaceleração de queimadas, desmatamento predatório e poluição de rios, mares e do ar. O que fazem – na prática – os sacerdotes para protegerem efetivamente a obra máxima da criação de seu Deus?

Paulatinamente, o filme vai deixando para trás as falas desesperadas do ativista desesperançado e começa a mergulhar nas entranhas intrincadas das relações financeiras entre os representantes dos templos religiosos e seus tão preocupados benfeitores e grandes patrocinadores.

Sem o conhecimento suficiente que me permita falar sobre o reino do céu, me atenho ao mundo que temos aqui em baixo e, por aqui, nada é de graça e pouquíssimas coisas são, sequer, baratas.

Todos os dias, ao abrirmos os jornais ou ao pegarmos nossos celulares para lermos as notícias, encontramos artigos e mais artigos, vídeos e especialistas que são porta-vozes de tudo que vem se desenrolando bem diante dos nossos olhos: ondas atípicas de frio em nosso país tropical, calor acima da média nos confins do Canadá, índices altíssimos de chuva em países da Europa. Há dois dias, chegamos à temida data do dia de sobrecarga da Terra – o dia em que esgotamos os recursos que o planeta nos proporciona, organicamente, em um ano. E cada um de nós, estando ou não entre aqueles que creem em Deus e em sua misericórdia, iremos pagar – quer seja em penitência e sofrimento, quer seja em dinheiro e perdas materiais. A humanidade, que há milênios pergunta aos seus semelhantes quem são aqueles que acreditam na criação divina, talvez se veja, em breve, excluída desse duelo de Titãs e, apavorada e atônita, tardiamente veja – não em forma de milagre, mas como um fato consumado – a natureza se descontrolar e, olhando bem no fundo dos nossos olhos e, por esse caminho, também alcançando os olhos do nosso Deus, nos perguntar: e agora, o que me dizem: vocês finalmente acreditam em mim?

 

Olivia Batista de Avelar. Professora de inglês, pós graduada em filosofia, apaixonada por cinema e escritora
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