A Polícia Federal (PF)deflagrou nesta terça-feira (8) uma apuração para reprimir uma associação criminosa responsável pela extração ilegal de Pau-Brasil no Espírito Santo.
Em razão da grande quantidade de mandados a serem cumpridos, além dos Policiais Federais lotados na Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente (DELEMAPH), a operação contou com a participação de outros 50 (cinquenta) policiais do Rio de Janeiro, Bahia e Alagoas, além de 32 (trinta e dois) servidores do Ibama.
O objetivo das ações desta terça, além do cumprimento das ordens judiciais, foi obter novos elementos de prova para desmantelar por completo o grupo criminoso dedicado ao cometimento de crimes contra à flora, contra à administração ambiental e outros crimes ambientais.
A PF estima que o lucro com o comércio ilegal do Pau-Brasil pode alcançar os R$ 370 milhões. O produto era usado para a fabricação de peças de violinos que eram enviadas para o exterior.
A referência para estimar este valor são as 74 mil unidades de varetas/arcos já apreendidas no curso da investigação até a deflagração da primeira fase.
A PF enfatiza que considerando um valor final de mercado médio de US$ 1.000 por cada arco de violino comercializado no exterior, estima-se que os valores finais poderiam alcançar quase R$ 400 milhões
Só para exemplificar, o arco é o produto final produzido a partir da vareta. No Brasil as varetas são adquiridas por valores que giram entre 20 e 40 reais, ao passo que os arcos podem ser comercializados no exterior por até U$ 2.600 (R$ 14.600).
A avaliação é estimada, e por baixo, já que os preços desses instrumentos podem alcançar o valor US$ 2,6 ou seja, mais de R$ 14 mil.
Ramificação internacional
A associação criminosa tem ramificação internacional, informa a PF, e além do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, atuava também na Bahia e Alagoas.
Foram cumpridos 37 mandados de busca e apreensão expedidos pela Vara Federal Criminal de Linhares. No Espírito Santo foram cumpridos dois em Domingos Martins, um em Santa Teresa, dois em Linhares, seis em João Neiva e 21 em Aracruz.
Também foram cumpridos um mandado na cidade de São Gonçalo (RJ), três em Camacan (BA) e dois em Coruripe (AL).
A Polícia Federal esclarece que o grupo era especialista na exploração ilegal de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção.
Especialmente o Pau-Brasil, que tem alto valor no mercado internacional para a fabricação de acessórios de instrumentos musicais de corda, como arcos de violino.
Como tudo começou
Segundo informações da Polícia Federal, as investigações foram iniciadas após ações fiscalizatórias realizadas pelo Ibama no âmbito da Operação “Dó Ré Mi”.
Esta operação apreendeu mais de 42 mil varetas de Pau-Brasil, além de mais de 150 toretes. No ano passado, quando da deflagração da primeira fase, foram apreendidas outras 32 mil varetas e 85 toretes.
Foi quando a PF descobriu indícios de que havia uma associação criminosa envolvendo extratores, transportadores, intermediários, atravessadores, arqueiros e empresas de produção e exportação de acessórios de instrumentos musicais de corda.
A atuação criminosa consistia em beneficiar o Pau-Brasil extraído clandestinamente de Unidades de Conservação Federal, especialmente do Parque Nacional do Pau-Brasil.
Tudo para comercializar o produto acabado em formato de arcos de violino/contrabaixo, ou mesmo na forma de varetas (produto não finalizado) para o exterior, sem qualquer controle das autoridades brasileiras, mediante a burla nos canais de fiscalização da Receita e do Ibama.