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Estação em Morro Grande. Foto: Alessandro de Paula

Ferroviários. O ocaso de uma classe

Paulo-Thiengo-29-09
Paulo Henrique Thiengo

No dia 30 de abril de 1854 era inaugurada a primeira ferrovia no Brasil, de apenas 14,5 km, ligando as atuais localidades de Guia de Pacobaíba à Raiz da Serra.

A iniciativa da obra foi de Irineu Evangelista de Souza, agraciado com o título de Barão de Mauá por conta do feito. Era um sistema multi-modal que usava navegação à vapor desde o centro do Rio até o fundo da Baia da Guanabara, onde começava a ferrovia, terminando no pé da serra para Petrópolis, onde chegou bem mais tarde, com o sistema de cremalheira para vencer a enorme diferença de nível.

Por conta disso, a data passou a ser usada para homenagear os ferroviários.

A partir desta iniciativa pioneira, outras ferrovias foram criadas, chegando ao máximo de pouco mais de 37 mil km nos anos 30. Ao contrário de países desenvolvidos, que impulsionaram o modal ferroviário, como EUA (293 mil km), China (124 mil), o Brasil mal chegou à metade da extensão das ferrovias indianas (68,5 mil km) e logo começou a erradicar as suas, visando atender a indústria automobilística, através de decisões claramente criminosas, principalmente após o início do governo militar.

Vem do período da ditadura uma das razões para a destruição de nossa malha ferroviária: Os ferroviários eram uma classe enorme e muito influente. A constante erradicação de ramais, sob a desculpa de serem “anti-econômicos”, visava também minar o poder da classe. Muitos foram seguidos e perseguidos, inclusive em nossa cidade, durante esta época.

Em Cachoeiro, o tráfego de trens para Vitória parou há 4 anos (o transporte de calcário, rochas e eucalipto voltou para as rodovias). Até as locomotivas e vagões foram levados embora. Sobre carretas. Ficaram uns poucos aposentados como única lembrança de um período de pujança de nossa região. Sobraram no país apenas as linhas destinadas ao transporte de produtos inviáveis para a rodovia, como minério e grãos.

Temos, hoje, pouco mais de 10 mil km em tráfego. Enquanto isso, foi recentemente aberta uma rota ferroviária de 13,261 km, entre a cidade chinesa de Yiwu e Madri, na Espanha, cobertos em 18 dias (há transbordos por conta das diferença de bitolas pelo caminho), comprovando  a altíssima viabilidade do modal. Em toda a União Européia há 250 mil km de ferrovias. 

Dentre os milhares de quilômetros de ferrovias abandonadas encontra-se a nossa, que liga o Rio de Janeiro à Vitória, com 610 km. Para Cachoeiro, a nova ferrovia, via litoral, em nada ajudará. Ao contrário: Será a pá de cal na economia de todos os municípios à oeste da BR 101. Todos os investimentos serão canalizados para a região litorânea, sobrando para nossa cidade ser rebaixada à cidade dormitório.

Contando com filhos de ferroviários e simpatizantes da ferrovia, a ONG Amigos do Trem luta desesperadamente para chamar a atenção para a iminente tragédia econômica que se abaterá sobre nós, reverberando a voz já cansada dos outrora heróis e incansáveis batalhadores pelo progresso de nossa região e país. 

Paulo Henrique Thiengo é membro da ONG Amigos do Trem e pesquisador da história ferroviária
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