Em meio às tradições que emocionam a cidade de Castelo durante os festejos de Corpus Christi, uma homenagem especial promete tocar ainda mais fundo o coração de moradores e visitantes este ano.
A figura da Irmã Vicência, símbolo de fé, caridade e simplicidade, será eternizada em forma de escultura, graças ao olhar sensível do jovem artista Thainan Vettorazzi Bernabé, de 29 anos.
A ideia partiu durante reunião no Instituto Cultural Irmã Vicência (ICIV), onde o jovem faz parte da diretoria, e ganhou vida com apoio da Lei Paulo Gustavo. O projeto foi abraçado com carinho por Thainan, que mesmo não tendo conhecido a religiosa pessoalmente, mergulhou em memórias dos que conviveram de perto com ela e em duas únicas fotos disponíveis, sobreviventes às enchentes que apagaram tantos registros da cidade.
“Ouvir quem conviveu com ela foi essencial”, diz o artista, que levou cerca de três meses para concluir a obra. A escultura, feita em argamassa de cimento com olhos de vidro e base de madeira, foi pensada para lembrar uma imagem sacra, como aquelas vistas nos altares, uma reverência à vida dedicada de Irmã Vicência à igreja.
A estátua traz mais que traços e formas: ela carrega o desejo de manter viva a história de quem plantou, com fé a semente de uma das que se tornaria uma das 10 maiores festas religiosas do país e a maior do Espírito Santo. “Ela deu o primeiro passo para tudo isso sem saber. A obra é uma forma de agradecer”, reflete Thainan.
Mesmo sendo sua primeira escultura de uma pessoa real, o artista se mostrou profundamente tocado pela experiência. “Gratidão” é a palavra que escolheu para resumir essa jornada.
Mas talvez o momento mais comovente tenha sido ver os olhos emocionados de quem conheceu Irmã Vicência — rostos marcados pelo tempo, agora revivendo lembranças que pareciam esquecidas. Por enquanto, a obra foi vista por poucas pessoas e está muito bem guardada, para surpreender a todos na festa.
“Mais que uma imagem, a estátua será um ponto de encontro entre o passado e o presente, entre fé e arte, entre memória e celebração”, conclui Luciano Travaglia, presidente do ICIV.
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