“Não sinto cansaço. Para vir agradecer, a gente não cansa.” A afirmação é de Rita de Cássia Duarte, 47, assim como outras 19 mulheres, peregrinaram nesta terça-feira, 15 de agosto, à Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha, em Alegre, para pagar uma promessa feita há sete anos.
De carro ou a pé, os fiéis saíram da comunidade Santo Afonso na localidade de Lagoa Seca, onde Rita mora, no interior de Alegre, com destino à igreja Matriz Nossa Senhora da Penha, na ladeira da Matriz, em Alegre, um trajeto de 27 quilômetros.
Devota de Nossa Senhora desde a infância seguindo os passos das mulheres da família, Rita viveu momentos de muita emoção e conexão com Maria nos últimos anos. Em 25 dezembro de 2016, ela celebrava o natal com a família, quando notou um inchaço no pescoço da filha, Maria de Lourdes, na época com 19 anos.
“Ela havia casado há pouco menos de um mês. Naquele natal, assim que olhei aquela protuberância no pescoço dela, soube que tratava-se de algo complexo, nos meses seguintes começaram as visitas aos consultórios médicos e hospitais”, lembrou emocionada. “Em março de 2017, minha filha passou por uma tomografia, em abril do ela enfrentou a biópsia e, na semana do aniversário dela, recebemos o diagnóstico: Maria de Lourdes estava com câncer”.
Durante o tratamento da filha, Rita conta que conversou com marido sobre como enfrentar a situação, momento que seu coração pediu para que a Virgem Maria cuidasse de tudo.
“Eu nunca fui de praticar atividades físicas, mas disse ao meu marido: enquanto Deus me conceder força, vou a pé até a matriz para pedir por nossa filha. Assim eu fiz”.
No primeiro ano (2017), a caminhada reuniu três pessoas. Ao longo dos anos, a companhia durante o percurso aumentou significativamente, mas os passos de Rita, nunca desviaram do sentido original da peregrinação.
“Enquanto puder caminhar, estarei aqui. São tantas bênçãos, como não agradecer? Minha filha, fazendo quimioterapia, engravidou no ano passado (2022). Sabe o que é isso? Nem a médica acreditou que alguém enfrentando um tratamento tão invasivo, poderia ter uma gestação tão saudável. Hoje ela está aqui (Matriz de Alegre), junto de meu neto, aos 3 meses de vida, agradecendo a Nossa Senhora por este presente”, contou.
Maria de Lourdes, atualmente com 25 anos, recebeu alta na semana passada. Foram 6 anos com acompanhamento médico e 8 meses de quimioterapia.
“Minha filha está curada. Nossa Senhora a devolveu para mim e, ainda me deu um neto. Por seis anos, entrei nessa igreja (Matriz de Alegre) à pé, na certeza dessa cura. Hoje, fiz questão de entrar ajoelhada. Nas últimas vezes, quando minha filha ainda enfrentava essa doença, eu vinha aqui movida pela esperança, agora, entro nesse templo movida por outro sentimento: gratidão”.