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Filme Democracia em Vertigem – e o que esperar de 07 de Setembro de 2021

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

Um corpo que cai – famoso filme de suspense de 1958, dirigido pelo também muitíssimo conhecido Alfred Hitchcock. A tradução brasileira para o nome do filme não foi fiel: em inglês, essa obra cinematográfica se chama Vertigo – que em tradução direta significa vertigem. Foi durante as filmagens desse clássico que Hitchcock desenvolveu o chamado “Efeito Vertigo”, um efeito da câmera que distorce a perspectiva para criar desorientação. Isso mudou a história do cinema e deixou uma marca indelével em Hollywood. Um filme sobre obsessão – sobre retornar, repetidas vezes, ao mesmo ponto. Sobre girar em círculos. Sobre a acrofobia – medo mórbido de altura – do personagem principal. Foi disso tudo que me lembrei quando o filme Democracia em Vertigem – 2019, disponível na Netflix – estreiou.

Me lembrei dos movimentos de câmera que me davam tontura e náusea no filme de Hitchcock. Me lembrei da trilha sonora que girava em círculos e que me angustiava.

E com tudo isso em mente, me sentei para assistir ao documentário de Petra Costa sobre os fatos políticos do Brasil recente – apenas para comprovar que o título de seu filme não me lembrou o filme clássico por acaso. Há anos vivemos dentro de um eterno efeito vertigem: cambaleantes, desnorteados, em queda livre – é grave a tendência de piora de nosso estado e direi o porquê.

A diretora de Democracia em Vertigem, Petra Costa, narra o documentário com voz lacônica, diminuta, quase inexpressiva. Uma fala baixa que quase nos lembra as conversas contidas que as pessoas tem em velórios. Até se pode pensar que todos os fatos que ela mostra são dignos de uma indignação e de raiva – mas, quanto a isso, voltemos ao título: a vertigem, essencialmente, nos tira as forças, o controle, o chão. O que assistimos é a ascensão vertiginosa do nosso país, após as eleições de 2002, e ao processo de erosão dos três poderes que se iniciou com os protestos de 2013, se agravou durante as eleições de 2014 e chegou ao seu ápice com o golpe de 2016. Desse ponto em diante, fomos engolidos pelo turbilhão político-social – caótico, disruptivo e autoritário – que nos jogou no resultado das eleições de 2018. Ao final do filme, as cenas nos lembram do silêncio tenso que precede uma explosão, mas todos os 121 minutos de filme – que é montado em ordem cronológica com pequenas inserções de corte temporal para mostrar a própria história de vida da diretora, marcada pela política brasileira – são uma crescente de aflição e ansiedade: sabemos o que aconteceu, acompanhamos nos jornais e na internet.

Porém, o que mais favorece a angústia ao assistir tudo novamente, dessa vez pelas lentes do cinema e em 2021, é saber que atravessamos, em algum momento, o famigerado ponto sem retorno. Quando exatamente? Difícil saber. Novamente, a vertigem.

Estão programadas para o próximo dia sete de setembro, terça feira, manifestações à favor da escalada autoritária do presidente da república. Os organizadores do evento pertencem a diferentes grupos políticos e sociais, difícil identificar exatamente quem são, porém, mais fácil é reconhecer, devido aos últimos dois anos de governo, quais são as ideologias que os levarão a Brasília e às ruas de muitas cidades do nosso país: a marcha é, abertamente, antidemocrática.

Assim como o personagem de Hitchcock – que voltava, obsessivamente, ao mesmo ponto da cidade e ao mesmo lugar de sua vida, também estamos, como país, mais uma vez à beira do abismo.

Olhar pra frente é ser engolido pelo efeito de câmeras que consagrou Hitchcock – não sabemos em que altura estamos: se só começamos a cair ou se já estamos perto de nos arrebentarmos no chão. No Brasil, como no filme Um corpo que cai, cada dia se transformou em uma repetição enlouquecedora, em uma náusea desconfortante e em medo de encararmos a verdadeira derrota que esse tombo nacional vai causar em nossas vidas. Porém, a vertigem que Petra causa com seu filme – sem nenhum recurso de lentes, só com os fatos que passaram diariamente bem debaixo do nosso nariz, durante anos – nos deixa com a mesma lacônica, diminuta e quase inexpressiva certeza de que, uma vez no chão, o corpo caído da nossa jovem democracia, dificilmente, será resgatado.

O estrago do tombo, depois de uma vertigem tão profunda, é sempre irreparável.

 

Olivia Batista de Avelar. Professora de inglês, pós graduada em filosofia, apaixonada por cinema e escritora
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