Depois das praias de Guriri e Barra Nova, em São Mateus, o óleo que já atingiu todo o litoral nordestino também apareceu nas praias de Itaúnas, em Conceição da Barra, e Urussuquara, em Linhares.

A confirmação da compatibilidade veio da Marinha do Brasil, que já deslocou mais de 150 homens para o Litoral Norte do Espírito Santo, 30 embarcados no Navio Patrulha Macaé monitorando as águas da região Norte, 120 em terra na região de São Mateus, além dos 30 militares que atuam na base da Capitania dos Portos, em Vitória.

“Os militares estão reforçando o trabalho de monitoramento das praias e em condições de apoiar as ações de limpeza, caso as praias venham a ser atingidas pelas manchas de óleo”, destaca o capitão dos Portos do Espírito Santo, Silvio Fernandes Ferreira. O Exército brasileiro também atua nesse monitoramento com um grupo de 60 homens na região de Linhares.

Os fragmentos que chegam ao litoral capixaba são pequenos e não têm a mesma proporção quando comparados às manchas que atingiram o Nordeste, “são fragmentos que cabem na palma da mão, são mais consolidados, com propriedade viscosa menor do que aqueles do Nordeste”, explica a chefe da divisão técnica do Ibama-ES, Letícia Meneguel.

Estuários

Segundo ela a preocupação agora é com os estuários. “A gente tem uma preocupação muito grande com os manguezais, que é um ecossistema muito sensível. Até o momento, não se tem uma medida pronta, efetiva para conter esse tipo de óleo em função das características dele.”

O óleo de origem venezuelana que atinge o litoral do Brasil, em geral fica na coluna d’água, o que dificulta a atuação de contenção desse material no mar, “o óleo brasileiro tende a se emulsificar e ficar na superfície, e as nossas barreiras são montadas para conter esse tipo de óleo. Acontece que o óleo venezuelano ele não tem só essas características, em geral, ele fica na coluna d’água, então essas barreiras não tem tanta eficácia”,

Uma equipe técnica conjunta dos órgãos que atuam preventivamente, junto com pescadores locais e pesquisadores especialistas em manguezal, fizeram uma expedição aos estuários do Norte capixaba com o objetivo de estabelecer medidas que poderão mitigar a entrada de óleo nesses estuários, inclusive com análise de materiais adequados para colocação de barreiras de proteção para cada local que pode vir a ser afetado.

“Outra ação paralela que foi pensada foi a capacitação dos municípios. Preventivamente, eles têm conhecimento de como fazer a limpeza de praia, proceder o armazenamento e dar o destino correto a esse material”, destaca Meneguel.

Todos os municípios do Litoral Norte capixaba, passando pela Grande Vitória até Guarapari já foram capacitados para atuarem com a chegada do óleo. A expectativa é que essa capacitação chegue até o município de Presidente Kennedy, no Sul do Estado. “Como a corrente segue pro Sul, é previsível que essa mancha continue a se deslocar, mas como temos acompanhado, com cada vez menos intensidade”, alerta o capitão dos Portos.

A orientação para quem frequenta as praias capixabas é que ao encontrar algum vestígio, reportem essa informação às autoridades competentes inclusive para a Marinha, por meio do 185 , e não façam o manuseio sem equipamento de proteção. A pesca até o momento não está passando por restrições, “a informação que a gente tem é que os vestígio são pequenos e que isso não impacta na atividade local”, finaliza Letícia.

Praias em suspeita

A Praia do Surf, em Conceição da Barra, registrou nesta segunda-feira (11), a presença de um material que pode ser o mesmo óleo encontrado nas praias vizinhas. Os fragmentos encontrados no local foram retirados e encaminhados para análise.

Segundo a prefeitura, o material tinha cerca de 60 gramas e durante a limpeza, a praia ficou interditada para evitar o contato e a aglomeração de pessoas sem os equipamentos necessários para manuseio da substância.