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Foto ilustrativa: Pixabay

Gestão pública da crise pandêmica sob as lentes da Bíblia e a democracia participativa

redacao
Redação Dia a Dia

ARTIGO: Robson Louzada Lopes, mestre em Direitos e Garantias Fundamentais e juiz de Direito em Cachoeiro de Itapemirim.

 

É o ambiente de inquietação de todos que me permite tomar a iniciativa de escrever algo sobre o assunto como mero e simples membro da comunidade em que vivo. De antemão gostaria de dizer que não se trata de texto jurídico, não há seguimento de marco teórico ou linguagem ou método científico. São palavras originadas apenas de um feeling enquanto vivente da crise de gestão pandêmica que se encontra sobre todos nós. É uma opinião e como tal deve ser observada, sendo claramente possível que dela haja discordâncias ou concordâncias.

Iniciando-se a narrativa, pode ser dito que claramente vemos e percebemos os acontecimentos com “lentes” que nos são oferecidas pela vida. A metáfora é interessante. Se se imaginar alguém com óculos de lentes vermelhas, a pessoa fatalmente dirá que o mundo é vermelho; ao contrário, se os óculos possuírem lentes amarelas, dirá que a vida é amarela. Quem somos, diz como vemos e compreendemos a vida.

Para um médico, por exemplo, um paciente que vai ao pronto socorro e se queixa de dores no peito, está externando sintoma de ataque cardíaco, inobstante possa também ser sintoma de outras patologias, como ansiedade. Contudo, na visão daquele que jurou proteger a vida, a primeira checagem será aquela atrelada à patologia que pode ceifar a vida do paciente. As “lentes” do médico veem vários cenários, mas a primeira atitude será afastar o pior cenário imaginado para o paciente.

É bem visto e percebido por todos que as decisões de lideranças políticas estão sendo tomadas com base no que a OMS (WHO em inglês) tem declarado e o próprio ministério da saúde tem seguido.

Não se questiona obviamente aqui a qualificação técnica de qualquer profissional integrante dos referidos grupos e organizações. O próprio Diretor Geral da OMS, Dr Tedros Adhanom Ghebreyesus, é uma grande autoridade em saúde. Sua formação envolve graduação em biologia, Mestrado em Imunologia e Doutorado em saúde comunitária. O conselho executivo da OMS também é formado por profissionais altamente gabaritados em saúde pública. Não há dúvida acerca da expertise e autoridade de qualquer deles, contudo, há que se observar que suas “lentes” são aquelas que lhes permitem ver o mundo como os médicos e profissionais de saúde enxergam.

É missão de referidos órgãos indicar os procedimentos para inicialmente afastar o pior cenário de uma pandemia viral. No exemplo anterior, é bem óbvio que se um médico informa que é possível que um ataque cardíaco esteja acontecendo, o paciente com dores no peito e todos que estão à sua volta ficarão extremamente preocupados, tensos e mais ansiosos.

Esse efeito também pode ocorrer em escala social quando a autoridade em saúde pública do mais alto grau de expertise, no cumprimento do seu dever, indica o pior cenário possível para uma pandemia. E aqui começa o entrelaçamento destas ideias apresentadas com a simbologia do apocalipse.

Novamente externo de antemão que não se está referindo neste texto que o fim do mundo se avizinha. Não se tem a intenção de ser visto como expert em teologia ou hostilizar quem quer que seja. Novamente reafirmo, há apenas um feeling. Vivo a sociedade e nela vive a bíblia, suas lições vão além dos púlpitos e podem servir para observar a sociedade com outras “lentes”.

De volta ao cenário pandêmico, o que se observa é que em razão do que ocorreu em outros países e em razão das declarações externadas pelas autoridades de saúde no cumprimento de seu dever, parte importante da imprensa passou a dar mais visibilidade ao pior cenário pandêmico.

É claro que o direito de imprensa concede a todo aquele que se dedica a referida atividade, a liberdade de transmitir informações a todos na forma que entender necessária, contudo, a percepção que se tem é que a centralização dos editoriais por horas e mais horas, dias e mais dias, informando de forma intensa o pior cenário ao paciente sem se perceber que outras “lentes” poderiam ser consultadas para lapidação dos entendimentos, gerou a ambiência de uma demanda social às autoridades de todos os níveis por soluções imediatas, quaisquer que fossem elas. Na ansiedade coletiva, não há talvez espaço para racionalidades.

Acredito, é claro que sem intenção, que parte dessa imprensa que centralizou seus editoriais nos últimos 10 dias assumiu talvez as vestes simbólicas do que a bíblia mostra como o segundo cavaleiro do apocalipse:

E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.

Apocalipse 6:4

É óbvio que não há na imprensa a ideia de causar uma guerra onde todos se matam. Não é isso e novamente informo que minha visão é de quem vive a sociedade apenas como qualquer outro, sem autoridade para liderar quem quer que seja em termos espirituais.

Posso estar equivocado diante de apenas me basear em feeling, contudo, há que se considerar que na atual quadra da história, a informação é uma arma que pode derrubar ou erguer governos. Não fosse a informação atualmente uma grande “espada”, não se teriam eleitos vários governantes e não haveria uma comissão parlamentar de inquérito em trâmite investigando exatamente o que se chamou modernamente de “fake news”.

A espada da informação foi ou está sendo utilizada como arma de guerra política? Não se sabe a resposta, mas é possível dizer que a concentração dos editoriais da imprensa principalmente televisiva fragilizou a paz do brasileiro. As pessoas estão com medo do pior cenário posto ao paciente.

Acredito que a ideia inicial dessa parte da imprensa era anunciar a pestilência que chegava. Por isso a ressalva que é feita quanto a inexistência de má intenção. A peste covid-19 assume talvez as vestes da simbologia bíblica do quarto cavaleiro do apocalipse:

E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra.

Apocalipse 6:8

O Covid-19 poder ser visto como a peste referida nas revelações sobre o simbolismo do quarto cavaleiro e, repiso, sem saber, parte da imprensa pode ter cavalgado ou ainda estar cavalgando ao lado dele.

Ao se seguir nas observações, é possível ver algumas consequências do que foi exposto acima. É perceptível que a perda da paz interior e a presença da peste, fez com que autoridades de todo o país, tomassem atitudes para atenderem as demandas sociais surgidas e a mais destacada delas foi o lockdown.

Essa estratégia de compelir a todos ao isolamento social para evitar o contágio rápido e a falência do sistema de saúde já combalido, decorreu possivelmente das orientações dos órgãos de saúde e a sensação de medo da população. Determinou-se assim em muitos locais o fechamento da economia.

Nesse ponto, é importante dizer que se gerou uma sensação de alívio. Na mente coletiva, algo foi feito. Inobstante o inimigo covid-19 esteja entre nós, a sensação de desproteção foi reduzida com referidas medidas. Há que se ressaltar isso para não ser injusto com autoridade locais que pensaram no bem-estar de todos.

Contudo, a medida de lockdown da economia, embora, acredito, dotada da mais forte boa-fé, fez surgir em alguns locais, pessoas ocupantes de cargos de liderança com conduta talvez de apropriação da narrativa de solução da pandemia, por meio da apresentação de seus feitos e praticamente declarando vitória. De novo a guerra da informação pode ter sido usada. Apenas me utilizando de um feeling, esses líderes talvez tenham assumido as vestes da simbologia do primeiro cavaleiro do apocalipse:

E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer.

Apocalipse 6:2

A passagem do livro santo fala sobre líderes, excelentes de articulação argumentativa, que trazem sensação de ordem, mas talvez, envolvidos na vaidade humana, não percebem que na verdade cavalgam ao lado dos demais cavaleiros. O verdadeiro líder e verdadeiro herói não busca reconhecimento nas suas ações.

Não se sabe dizer se existe má-fé ou se não percebem o que fazem, mas a simbologia externada é que o medo talvez possa estar sendo usado em união com a arma da informação para fraquejar adversários, sem que haja resolução do problema que preocupa a todos nós: o Covid-19.

Uma consequência do que se argumenta acima pode ser observada. A centralização das ações de liderança em promover o lockdown econômico, sem observação dos fatos por lentes diferenciadas, unida à guerra da informação e a possível vaidade de alguns líderes, pode fazer surgir ainda um outro dano, tão forte quanto a virulência, assumindo esse novo mal as vestes da simbologia do terceiro cavaleiro do apocalipse:

E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer o terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança em sua mão.
E ouvi uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho.

Apocalipse 6:5,6

O símbolo do terceiro cavaleiro expõe segundo a teologia o que acontece quando se promove o que a economia chama de bankruptcy (bancarrota). Apesar do texto bíblico citado falar em “um dinheiro”, na verdade a palavra original é denário.

Essa era a moeda de Roma na época em que o texto foi escrito. Um denário era o que trabalhador recebia após laborar de sol a sol, ou seja, um dia de trabalho. Um denário poderia comprar em tempos normais, oito quilos de trigo. O texto bíblico já mostra a redução do valor de compra da moeda. Somente um quilo poderia ser comprado ou três quilos de cevada. Este último usado como ração para animais. Inflação e injustiça.

O terceiro cavaleiro é a derrocada econômica como gerador de caos, pobreza, violência, mortes, fome, saques coletivos e todo tipo de desordem quando a economia desaba. Sem poder sustentar sua família com seu trabalho, o cidadão se torna inimigo de todos.

O foco em ações de lockdown poderia gerar um bankruptcy? Essa é a pergunta que paira no ar atualmente, contudo, chamo bem a atenção para o detalhe do texto bíblico: o azeite e o vinho não serão prejudicados.

Aparentemente a bancarrota apenas afetaria os pobres, uma vez que os artigos dos ricos à época da escritura do texto são preservados. Verdade seja dita, se todos devem ficar em casa, por que os porteiros dos condomínios não foram dispensados? E as empregadas domésticas? São eles azeite e vinho?

O fato é que esse entrelaçamento das percepções de gestão pública e a simbologia bíblica pode mostrar a todos nós que centralizar os esforços para impedir unicamente a peste, talvez permita um verdadeiro galope isolado do cavaleiro do bankruptcy, tão letal para os mais pobres quanto a virulência sem leitos na UTI.

Talvez seja o momento de aprendermos um pouco mais sobre uma palavra que se fala muito, mas se usa pouco: democracia.

As melhores decisões, as mais adequadas, as mais justas são aquelas construídas com a participação dos afetados por ela.

Abrir canais de comunicação formal entre o poder público e os setores que estão diretamente envolvidos e afetados pelas decisões tomadas até o momento podem colaborar para uma construção conjunta da solução mais adequada.

Acredito não ser justo para um prefeito ou um governador ou um presidente, decidir sozinho sobre um assunto complexo. Sabemos que a comunidade brasileira é caudilhista e isso pode até mesmo ser um convite para decisões isoladas, contudo, a mesma população costuma culpar alguém específico quando são prejudicadas e talvez esse risco não seja visto por um desavisado administrador.

Decisões coletivas dividem o lucro, mas também dividem o prejuízo. Além disso, a decisão se torna fortificada com a sensação de que todos, de alguma forma, colaboram para sua construção.

Cada cidade deste país, em respeito à federação, tem a competência administrativa para resolver seus problemas locais. Um canal de comunicação formal edificado para o tráfego de ideias entre pessoas de espírito republicano com o poder público talvez seja uma alternativa para encontrar a temperança entre o lockdown e o bankruptcy ou até mesmo encontrar uma terceira via.

Podemos aprender coletivamente que quando observamos a realidade com várias lentes, percebemos que a vida é composta de várias cores e que até mesmo a mistura entre elas pode fazer surgir uma nova coloração melhor e mais bela que qualquer uma isoladamente.

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