A taxa de mortes de grávidas pela Covid-19 é de 7,2% no Brasil, mais que o dobro da taxa entre a população em geral, que é de 2,8%.
Apenas nos seis primeiros meses de 2021 o número de mortes já é 111,7% maior que o mesmo período do ano passado.
Os dados são do Boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz e do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19, divulgados recentemente.
Os pesquisadores alertam para o risco do coronavírus entre gestantes porque a doença pode evoluir para formas graves, especialmente entre 32 ou 33 semanas de gestação, quando é comum a antecipação do parto.
E foi exatamente o medo da antecipação do parto, da necessidade de intubação e da morte que assustaram a fisioterapeuta Joyce Bedin, que ficou internada por nove dias na 30ª semana de gestação.
“A minha maior preocupação era realmente piorar e eles terem que tirar a minha filha sem ela estar pronta e eu não poder ficar com ela, que foi retirada com 38 semanas, muito também em função da trombofilia. A minha gravidez já era de risco”, destaca.
A fisioterapeuta conta que buscou ajuda médica aos primeiros sintomas e que talvez por isso a doença não tenha evoluído para pior.
“ Meu marido é vendedor. Numa sexta-feira chegou em casa diferente. Não sei explicar, mas tive uma sensação estranha. Ele tem uma rinite muito forte e no dia anterior estava de moto e pegou uma chuva muito forte. Na segunda eu tive um episódio de diarreia e imediatamente fui para o pronto socorro”.
Joyce relata as muitas angústias que passou nos nove dias em que esteve internada. Ela não podia ficar com nenhum acompanhante, o que piorou o seu estado de espírito. Apenas nos últimos dias o marido podia passar a noite com ela.
Entre os sintomas, a perda de apetite e uma tristeza extrema, agravada pelos sintomas naturais das vítimas da Covid-19.
“Às vezes começava a tossir muito e tinha falta de ar. Faltavam forças para respirar. Mas aí lembrava que tinha a minha Laurinha e fazia um esforço muito maior e tentava um pouco mais. Eu me agarrei na fé e nos muitos amigos e familiares que oraram por mim e estavam, mesmo que de longe, torcendo pela minha vitória”.
A mamãe de Laura ainda carrega algumas sequelas do coronavírus, entre elas fraqueza muscular, esquecimento(que já está melhorando) e cansaço. Do ponto de vista emocional, diz que ainda vai demorar um pouco para esquecer o medo, a preocupação e as incertezas que passou enquanto esteve internada, mesmo tendo sido muito bem cuidada por uma equipe maravilhosa.
Relata também que ficou meio neurótica após o nascimento da filha, que hoje tem quatro meses. Eu tinha muito medo e não queria de jeito nenhum receber visitas, especialmente sem máscaras.
“ Não é tempo de fazer o vírus circular. Minha filha nasceu saudável e eu não podia arriscar a vida dela após ter vencido o coronavírus”.
Mas Joyce diz que aprendeu uma grande lição. “Não devemos desistir, por mais difícil e complicado que pareça. Devemos nos manter fortes. Aprendi a dar mais valor às coisas simples. Hoje diante dos problemas vejo uma nova oportunidade de dar mais valor a cada pequena coisa da vida”.
E Joyce dá o último conselho: “estejam atentos aos sinais. A minha ida imediata à emergência pode ter salvo a minha vida e a da minha filha”.