O achado dos irmãos Horst ainda é um mistério para os moradores de São João do Príncipe, distrito de Iúna. A propriedade que fica na região do Sítio das Cabras, pode guardar segredos da década de 1960.
No início da semana, os produtores receberam no local os fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma vez que a área escavada faz parte do Parque Nacional do Caparaó, que é subordinado à instituição. De acordo com os técnicos, a área escavada tem aproximadamente 2 metros de comprimento e um metro e meio de profundidade e largura.
“Descobrimos um abrigo da guerrilha. Ouvíamos boatos de que havia um túnel que ligava à Cachoeira, daí tivemos a ideia de cavar o local. Havia uma casa que foi destruída e diziam que por debaixo dela havia um porão. Por esses motivos começamos a cavar e começamos a achar vestígios de que pessoas tinham colocado objetos ali”, conta Amós Horst.
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No local, que os irmãos acreditam ser um dos esconderijos da Guerrilha do Caparaó, foram encontrados pedaços de uma sacola de arroz, um remédio para estômago com a data de 1951 e um líquido que ainda não foi identificado. A suspeita é de que seja um antioxidante utilizado em armamentos da época.
Segundo a administração do parque, a descoberta pode não ter relação com a guerrilha, sendo apenas vestígios de uma residência comum, já que, na época, os moradores enterravam seus lixos.
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O local da possível toca está interditado pelos próprios produtores que aguardam agora a visita do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), marcada para a próxima quarta-feira (18). “Paramos [as escavações] em um certo ponto para não prejudicar, caso tenha algo a mais ali, o que acreditamos que há”, relata Amós.
A administração do Parque destaca que, até mesmo para o Iphan, é preciso licenciamento do ICMbio para futuras escavações no terreno, assim como também é necessário o acompanhamento das atividades por um fiscal da instituição. O Parque também se coloca à disposição, caso seja confirmado que os vestígios são da época da Guerrilha do Caparaó, para contribuir com o trabalho do Iphan.
Guerrilha do Caparaó
No ano de 1966, o movimento organizado 95% por militares e marinheiros de diversas patentes – expulsos das corporações por se oporem à política ditatorial imposta pelo governo – chegou ao município de Iúna.
Os guerrilheiros que vinham de trem até Manhumirim, entravam no território capixaba depois de uma caminhada de 40 km a 50 km, e foi no no distrito de São João do Príncipe, no município de Iúna, que eles fizeram o primeiro alojamento do grupo, na localidade que eles denominaram Sítio dos Cabritos.
A frente da guerrilha na Serra do Caparaó era formada por, aproximadamente, 20 homens apoiados por mais de 120 pessoas, na base urbana que davam os suportes necessários. O movimento resistiu até o dia 1º de abril de 1967, quando foi preso o último grupo remanescente que estava na Serra do Caparaó, após ataques ao Sítio dos Cabritos.