Um funcionário da Caixa Econômica foi preso em flagrante nesta sexta-feira (22) na agência em que trabalhava pela Polícia Federal (PF) por coordenar um esquema que lesava os beneficiários do auxílio emergencial.
O município não foi informado. A PF foi acionada pela própria Caixa, através de sua Coordenação Nacional de Segurança e Fraude, quando percebeu a atividade suspeita.
Foi confirmado um desvio de R$ 140 mil, mas há suspeita de que o total do esquema fraudulento alcance R$ 1 milhão.
Eugênio Ricas, superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, disse que a prisão se deu no momento exato em que o funcionário alterava dados cadastrais dos clientes com direito ao auxílio emergencial.
Beneficiária lesada
Isso talvez explique o que aconteceu com a pensionista Geralda Ferreira (nome fictício), 80 anos, que é acamada, faz uso de fraldas geriátricas e é totalmente dependente de cuidados.
Em função disso, é cadastrada no CadÚnico para receber as fraldas gratuitamente, já que a família não conseguia mais arcar com os custos de todos os remédios e das 150 fraldas, no mínimo, que gasta por mês.
Os filhos não sabiam que ela tinha direito ao auxílio emergencial, já que não fizeram o pedido, mas descobriram que sim. Só que quando foram fazer o saque, duas parcelas já haviam sido retiradas numa agência da Caixa numa cidade mineira.
“Foi uma surpresa. Primeiro saber que ela tinha direito, o que ajudou a pagar os absorventes geriátricos e os remédios extras para as escaras que se abrem pelo corpo e outros problemas que sempre aparecem, e depois, que alguém tinha feito o saque”, explica Mariana Ferreira, filha da idosa.
Ela diz que sempre acreditou que havia alguém que tinha os dados oficiais dos beneficiários envolvido. “O triste é você ser olhado com desconfiança pelo banco, que faz 300 exigências, como se o fraudador fosse você. Mas dá para entender tanta cautela. Esse pessoal faz coisas do arco da velha”.
Modus operandi
Segundo a PF, o funcionário alterava dados cadastrais dos beneficiários para que o dinheiro do auxilio emergencial fosse recebido por outras pessoas.
O fraudador recebia uma lista de CPF’s e dados cadastrais dos clientes, que permitia o acesso aos valores.
Para isso ele alterava as senhas e informava ao cúmplice que havia passado os CPF’s, que transferia o dinheiro para contas de laranjas. A PF esclarece que o funcionário recebia de volta um percentual de todo o dinheiro desviado.
Assista a entrevista do delegado