O trabalho do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), do Núcleo de Vigilância em Saúde, na Superintendência Regional de Saúde (SRS) Norte, em São Mateus, zerou o número de óbitos e reduziu as amputações de trabalhadores na colheita de café conilon.
Para que a ação de prevenção de acidentes fosse implementada, o Cerest observou o número de ocorrências registradas no eSUS-VS, Sistema de Informação em Saúde e-SUS Vigilância em Saúde, em 2022, e começou uma investigação para entender o que estava causando as mortes e amputações na colheita do café. No ano, foram registrados dois óbitos e sete amputações por acidentes em máquinas recolhedoras de café.
A coordenadora do Cerest na Região Norte, Ana Lucia Lima, explicou as etapas da ação, que primeiro iniciou um perfil epidemiológico dos acidentes. Os casos foram apresentados em reunião com o Ministério Público do Trabalho (MPT), representantes de classes e das empresas fabricantes do maquinário, visando ao encaminhamento de uma solução para o problema. “O objetivo do Cerest é evitar o acidente de trabalho e a doença ocupacional. E foi o conseguimos com essa ação”, salientou.
A partir desses dados, o Cerest inspecionou 33 propriedades rurais que tinham recolhedoras de café nos municípios de Jaguaré, Nova Venécia, Vila Pavão, Boa Esperança e São Mateus. A inspeção registrou um número significativo de irregularidades que representavam riscos à saúde do trabalhador, entre elas a falta de treinamento para a operação das máquinas; a ausência de vínculo empregatício; Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) inadequados e a ausência de barreiras físicas de proteção contra acidentes no maquinário.
Com os problemas identificados, o Cerest convocou reuniões com o MPT, os sindicatos dos trabalhadores rurais e sindicatos patronais rurais, o Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) e representantes dos fabricantes das recolhedoras de café. Após as reuniões, ficou estabelecido que o maquinário não poderá mais sair de fábrica sem os devidos dispositivos de segurança e que as fabricantes deveriam formular e oferecer os kits de proteção para as máquinas já em uso na colheita de café no norte do Espírito Santo.
O resultado da ação foi percebido neste ano, quando o registro de acidentes na colheita de café caiu de sete amputações para uma e nenhum óbito foi registrado. Além de preservação da vida, o trabalho da equipe foi premiado na 4ª Mostra de Experiências Bem-Sucedidas em Vigilância em Saúde no Espírito Santo (ExpovigES), na categoria “Vigilâncias Ambiental, Sanitária e do Trabalhador, realizadas pela Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo”.
Para este ano ainda, o Cerest fará uma nova inspeção nas fazendas de café durante a safra de 2024, visando a inspecionar máquinas e evitar possíveis acidentes para os trabalhadores.