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Jim e Andy

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

O obscuro objeto do desejo: o quanto podemos dizer que sabemos, profundamente, sobre a raiz e a origem daquilo que queremos? Qual força nos leva ao encontro da imagem idealizada de nós mesmos? E quanto desse trajeto se origina na falta, nos nossos vazios mais assombrados, nas nossas carências mais incuráveis? O que é o talento e a disponibilidade para a vida artística senão uma grande busca por amor, validação e admiração? Para o bem e para o mal, mais cedo ou mais tarde, todos nós precisaremos encarar frente a frente o que fizemos do nosso eu e com qual força nosso desejo nos conduziu e nos moldou durante o percurso.

O obscuro objeto do desejo: o quanto podemos dizer que sabemos, profundamente, sobre a raiz e a origem daquilo que queremos?

Jim e Andy – Netflix, 2017 – é um documentário sobre um documentário: o filme intercala cenas filmadas durante as gravações do filme de 1999 sobre a vida do comediante Andy Kaufman – interpretado por Jim Carey – e uma entrevista de Carey, quase 20 anos depois, refletindo sobre quanto a personificação que ele alcançou desse personagem o transformou completamente. O ponto de conexão encontrado por Jim para incorporar Andy – e aqui uso a palavra incorporar propositalmente, já que sua entrega e o nível de alcance da sua performance foram muito além da interpretação – foi, o que podemos chamar de ponto de ruptura. Quais eram os limites de Andy? Até onde ele chegaria para preencher-se de si mesmo com o que vinha de fora? Até que momento, ao ser visto e notado e querido e criador de algo único, esse comediante – considerado como uma fusão de genialidade e esquisitice – conseguiria viver e existir somente quando visto e assistido pelo seu público?
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Jim Carey experimentou o vazio de Kaufman com tamanha potência porque esse também era o seu abismo interior. É o abismo de todos nós. Sem olhos para nos observarem, sem antagonistas para nos apontarem o dedo na cara, sem ouvidos que desaprovem a nossa voz, sem as risadas e as surpresas que causamos aos semblantes ao nosso redor, quem somos nós? A reafirmação da nossa existência vem do outro, sejam poucos outros, como é o nosso caso, os anônimos, ou aos olhos de milhares, milhões de outros, como acontece com aqueles que possuem a força e a necessidade ideais para perseguir o sucesso e a visibilidade que os ampara e acalenta.

A reafirmação da nossa existência vem do outro

E se todos ao nosso redor, um dia, fecharem os olhos? E se ficarem surdos e não puderem mais ouvir o som da nossa voz? E se ficarem insensíveis à nossa presença? Seria possível, em tal cenário, continuarmos certos da nossa existência?
Andy Kaufman fazia, quando era vivo, e Jim Carey o faz até hoje: desejar tanto e com tamanha força que a alteridade confirme e comprove suas próprias realidade e existência, que deem o tom e os retoques finais daquilo que eles não conseguem enxergar ao ponto de sentirem que não existem e que nunca existiram quando não estão sendo observados , assistidos. É somente a presença dos outros que os concede a vida. São os olhos dos outros que movem as cordas que os fazem dançar, sorrir, viver, pensar, sentir e respirar. E na sociedade do espetáculo eterno em que vivemos, não somos, todos nós, tão vazios e tão desejosos e tão dirigidos pelos olhos alheios quanto eles?

E se todos ao nosso redor, um dia, fecharem os olhos? E se ficarem surdos e não puderem mais ouvir o som da nossa voz? E se ficarem insensíveis à nossa presença? Seria possível, em tal cenário, continuarmos certos da nossa existência?

Porém, infinitamente menos artísticos, menos talentosos, menos interessantes e com uma plateia absurdamente menor. O que faz com que nosso espetáculo diário também seja bem mais triste e comum. A fama é só uma canção de ninar que embala as crianças quebradas antes delas dormirem. E só as mais rachadas e destruídas conseguem esse acalanto. Mas, apesar de ser uma canção triste, que o evasivo objeto de desejo não permite que seja percebida assim, ainda é uma canção consoladora e doce que a maioria de nós nunca vai ouvir.

Nossos abismos anônimos não tem eco.

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