A corrida, para muitos, é um desafio físico. Para Jonatha Jacob, 41 anos, policial penal e maratonista, é muito mais do que isso: é uma missão de vida. Cachoeirense, mas morador de Marataízes há 22 anos, ele decidiu correr descalço para chamar a atenção para um problema que abala milhões de pessoas no mundo: a depressão e o suicídio.

Com uma bandeira que carrega a mensagem “Diga SIM à Vida! e a camisa estampada com a foto de um amigo que perdeu para o suicídio, ele transforma cada quilômetro percorrido em um ato de conscientização. A esposa, Lívia Coelho, e os dois filhos são a base que dão sustentação para o atleta cumprir sua missão.

A dor da perda foi o estopim para essa jornada. A decisão de correr sem calçados surgiu após a morte de um amigo próximo, também policial penal, que tirou a própria vida na Terceira Ponte. O choque da notícia o fez refletir sobre a importância de falar sobre o tema. “Se eu soubesse, se ele tivesse comentado comigo… um sinal, uma palavra… talvez pudesse ter ajudado”, lamenta.

A primeira prova de corrida descalço aconteceu há dois anos, na Meia Maratona de Vitória, quando percorreu 21 km levando sua mensagem. “Foi um desafio enorme, cheguei com bolhas de sangue, mas me senti realizado. As pessoas no caminho perguntavam, parabenizavam, e eu via que minha mensagem estava chegando”. Desde então, ele abraçou a causa e, no ano passado, completou sua primeira maratona de 42 km.

Correr sem calçados exige preparação e resiliência. Jonatha treina na areia, sente a brisa do mar e fortalece a mente para enfrentar as dificuldades da prova. “Na maratona, é um processo, é uma penitência. É você contra você. No quilômetro 30, a câimbra veio, mas eu me mantive focado, porque sabia que precisava cruzar a linha de chegada”, conta.

A missão vai além da corrida. Jonatha incentiva colegas e conhecidos a praticarem esportes, enxergando a atividade física como uma válvula de escape emocional. “Perguntei a um amigo: ‘Quando foi a última vez que você viu o sol nascer?’. Pequenas coisas podem fazer diferença. O esporte faz com que a gente viva melhor, o movimento nos traz vida interior”, reflete Jonatha.

A mensagem é clara: é preciso estar atento aos sinais. “Muitas vezes, um olhar triste esconde uma luta invisível. Às vezes, um simples ‘bom dia’ pode abrir uma janela para ajudar alguém”, alerta.

Jonatha também já enfrentou momentos difíceis e encontrou no esporte uma forma de renovação. “Eu sou o maior beneficiado dessa ação. Cada corrida é uma desintoxicação emocional”, conta.

Hoje, ele segue firme com sua bandeira, correndo por aqueles que não conseguiram pedir ajuda e por aqueles que ainda podem ser salvos. Seu lema é simples, mas poderoso: “Cuide-se, aproveite cada oportunidade, viva!”

Sua próxima prova já tem data. Ele está inscrito na Maratona de Vitória 2025, que vai acontecer em agosto, quando Jonatha fará novamente o percurso de 42 km com os pés descalços.

O atleta pretende fazer uma corrida internacional e está buscando patrocínios que o ajudem a levar a sua mensagem cada vez mais longe.

Além das corridas, Jonatha também usa suas redes sociais para motivar outras pessoas. Em seu perfil no Instagram (@medicinadaautoestima), ele compartilha vídeos inspiradores e mensagens de incentivo, reforçando a importância da autoestima e da prevenção ao suicídio.