A cidade de Iconha amanheceu num estado caótico, sem água, sem energia elétrica, com um rastro de lama e destruição por toda parte. Jornalistas que participam da cobertura do temporal que devastou a cidade do Sul do Espírito Santo relatam o clima de desespero que encontraram e alguns bastidores.
Desde cedo na cidade, o repórter Alexandre Damazio, do portal Dia a Dia ES, afirma que a sensação das pessoas é de perplexidade.
Uma das histórias que Damazio conta é a das funcionárias de uma lotérica no Centro, Juliana Bittencourt, 23 anos, e Lorraine Araújo, 22. Como a loja foi fortemente atingida pela enchente, elas temem ficar sem emprego. Com os pés mergulhados na lama, elas observavam o local desoladas.
“Na cobertura eu conheci a Juliana e a Lorraine. As duas são arrimo de família e estão desesperadas, com medo de não terem onde trabalhar”, contou Alexandre.
Já a jornalista Luciana Maximo, do portal Espírito Santo Notícias, passou a noite monitorando o canal de Itaputanga, em Piúma. O local recebe toda a água do rio que vem de Iconha em direção ao mar. Em sua cobertura, ela flagrou moradores com pequenas ferramentas ajudando a cavar, antes mesmo da chegada das máquinas da prefeitura, para liberar o acesso e ajudar a esvaziar o município vizinho.
“Piúma recebe toda a água que cai em Iconha. O Rio Iconha passa por dentro de Piúma e deságua na praia. Fizemos um apelo junto com algumas pessoas para que a prefeitura tomasse uma atitude emergencial de abrir o canal de Itaputanga para que desse vazão ao rio e daí pudesse esvaziar o mais rápido possível o município de Iconha. Graças a Deus a prefeita Marta Scherrer autorizou a abertura do canal. Antes que as máquinas chegassem, um grupo de pessoas já estava lá com pás e enxadas, e nós estávamos lá acompanhando isso”, contou Luciana.
Pela manhã, ela também esteve em Iconha e levou solidariedade junto com o carro da reportagem. Ela distribuiu lanches para moradores, num ato de solidariedade diante de um momento difícil.
“Estivemos pela manhã em Iconha, trouxemos leite, mortadela, pão, chocolate, enfim, nos colocamos à disposição, colocamos nosso carro também com som para avisar as pessoas que tinha lanche, um ponto em frente ao Banestes. O que mais me emocionou foi ver pessoas unidas em prol de um único objetivo: ser solidário”, disse a jornalista.