Após dois meses de cuidados intensivos, uma loba-guará resgatada às margens da BR-101, no município de Atílio Vivácqua (ES), foi devolvida à natureza nesta quinta-feira (5).
O animal havia sido encontrado em estado grave de saúde no dia 4 de abril por uma equipe da Ecovias 101, concessionária que administra a rodovia.
Segundo a Ecovias, a loba, uma fêmea adulta, foi resgatada com sinais de infecção e prostração. O atendimento emergencial foi realizado pela clínica Cevet, em Guarapari, custeado por meio do Programa de Proteção à Fauna da concessionária. Já a reabilitação completa ocorreu no Centro de Reintrodução de Animais Silvestres (Cereias), em Aracruz.
De acordo com o veterinário Leonardo Lyra Lyrio, responsável pelo primeiro atendimento, a loba não apresentava sinais de atropelamento, mas estava com um quadro infeccioso avançado.
“Ela foi tratada com hidratação, antibióticos, corticoides e analgesia. Aos poucos, foi respondendo bem, e o hemograma mostrou evolução significativa em poucos dias”, explicou.
O presidente do Cereias, José da Penha Rodrigues, acompanhou a reabilitação e destacou a recuperação do animal. “Ela chegou muito debilitada, quase não se alimentava. Com o tempo, passou a comer presas vivas, o que é um indicativo positivo para soltura. Quando chegou o momento, ela estava totalmente recuperada”, relatou.
A soltura foi realizada por técnicos do Cereias e do Ibama, com apoio da Ecovias 101. A bióloga da concessionária, Grazielli Melo Pena, explicou que o lobo-guará, originalmente do Cerrado, tem sido avistado com mais frequência no Sul do Espírito Santo por causa da perda de habitat em outras regiões.
“O deslocamento dessa espécie ocorre devido ao desmatamento, queimadas e alterações no solo causadas por canais de irrigação. Embora não seja típico da Mata Atlântica, o Sul do Estado faz fronteira com áreas de Cerrado e tem recebido esses animais”, afirmou a bióloga.
Para o coordenador de Sustentabilidade da Ecovias 101, Thiago Cardoso, o caso reforça a importância das ações de resgate e preservação da fauna.
“Transformamos um cenário crítico em uma história de recomeço. Este trabalho conjunto entre poder público, iniciativa privada e instituições ambientais é essencial para a conservação das espécies e do meio ambiente”, concluiu.
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