(…) nenhuma palavra que escrevi é minha, de que não sou autora de meus próprios trabalhos, mas apenas um elo na construção literária da humanidade, uma pequena e frágil conexão entre um e outro tempo (…). Ana Miranda
A escrita feminina é muito mais que gênero. É a poesia que, por séculos, foi maldita e escondida nos cômodos do desejo e das casas. É o corpo composto na palavra, é o parto do discurso tantas vezes velado e guardado em gavetas. É uma escrita que amacia o sujeito, causa intempéries ao que anda adormecido e fermenta o gosto da vida.
O feminino na palavra é a ebulição do ser inflamado e colocado à prova. É a carnificina das dores e ausências que perpetuaram na construção de uma identidade, que vivia sombreada, nas nuances do outro e nas impossibilidades que asseguravam seus dias.
Gosto do discurso explodido nela, da falta de proteção que não é renunciada, da sedução das metáforas vigorosas e escorridas no texto, que vai se refazendo, vai dotando de cascas e casas, daquilo que o sujeito desapropria. Seu discurso vai além das margens e centros, não se mecaniza nem enrijece o que povoa no outro.
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👉 Entrar no GrupoSua palavra desliza, problematiza e equaciona, escorrega na alma e alimenta o homem. Dá propriedade ao que lê e ao que se propõe registrar seus desejos e gozos, seu caos e hemisférios. É anunciação de vertentes, linhas imaginárias e caminhos tão reais e profanos. É a escrita que quero tecer em mim como Penélope, em uma construção e descostura, em cadências e sorrateiramente.
Esta escrita traduz meus dias e glorifica minhas esperanças, é minha ponte com o mais extremo de mim e as gentes que estão misturadas aqui dentro. Guardo tantos e me embriago de suas vivências a fim de dar um rumo menos insuportável à nossa existência. Um mundo com menos canalhices e boçais, com menos pensamentos que se sustentam em muletas.
Uma escrita que sangra e desnuda as minhas aparências, as conformidades do tempo e da rotina, e adentra o que tantas vezes é impenetrável. É ela que sustenta o que desmorona, o que, mesmo com rachaduras, mantém-se de pé, apoiado em pedras e numa crença desenfreada de que a palavra é o que unta a verdade e a crença numa sonhada esperança. Numa vida que entoa tanta poesia e é capaz de sustentar os pilares de uma existência, tão faminta de humanidade.
Respostas de 3
A Simone é o símbolo da mulher que fala o que quer em forma da poesia. Sempre enfatizando a beleza, doçura e a auritidade de uma mulher. Sou muito fã dessa escritora
Quão importante é sua participação.
Amo sua vida
Te admiro muito Simone
Parabéns
Parabéns, Simone! Você é brilhante na arte de escrever , sem igual na arte de conviver e exemplar no palco da vida!!