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Mucho Mucho Amor – A lenda de Walter Mercado

olivia-15-08-2023
Olivia Batista de Avelar

Por que olhamos para as nuvens e vemos formatos de dinossauros, sorvetes ou chapéus? Do ponto de vista meteorológico, as nuvens são um agregado visível de pequenas gotas de água ou cristais de gelo suspensos no ar. Mas, ao olharmos para o céu, em momentos de melancolia ou contemplação, não nos importa o que uma nuvem é, mas sim o que aquela passante nuvem representa para nós, naquele dia, naquele instante; importa o que vemos de nós mesmos nos formatos anuviados, o sentido que damos para o que está fora de nós tentando que, o que está dentro de nós, seja mais real, seja menos fugidio.

Por esse mesmo motivo, não há razão para comparar a Astrologia e a Astronomia. Não nos leva a lugar algum a frase “a Astrologia não é uma ciência como a Astronomia e, por isso, é algo irrelevante”. Ora, os objetivos são divergentes: a Astronomia, enquanto ciência, nos diz o que o céu é. A Astrologia, enquanto linguagem, nos diz o que nós somos quando olhamos para o céu. A primeira estuda o céu para entender o céu e a segunda olha para o céu para entender o ser humano e sua capacidade de atribuir sentido ao aleatório e conferir ordem ao caos.

O céu do astrônomo: um mistério a ser desvendado. O céu do astrólogo: um meio para desvendar o mistério que é ser um humano.

Assisti, recentemente, ao documentário Mucho Mucho Amor, 2020 – disponível na Netflix – sobre a vida de Walter Mercado e gostei muito de conhecer sua trajetória. Walter era um artista: ator, bailarino e exímio comunicador, criou um personagem que viveu 50 anos. E continuará como parte do imaginário popular ainda por muito, muito tempo. O que ele falava sobre Astrologia era embasado em estudos aprofundados sobre o tema? Não. Assim como o que assistimos nos filmes não é amor de verdade e o que cantamos nas nossas músicas preferidas não é a real superação.

Sem a nossa capacidade de tomarmos para nós uma parte de tudo aquilo que nos cerca – seja do mundo dos fenômenos naturais, sejam os fragmentos da cultura e de toda arte a que nos expomos, o tempo todo – não seríamos esse mosaico ambulante de células e traumas e encantamentos que somos.

A indústria do entretenimento vive e se alimenta da nossa ilusão: do fato de pagarmos ingressos e de voltarmos a nossa atenção para o que nos encanta, para o que queríamos, de fato, ver, ouvir e experimentar na vida real, mas que só podemos alcançar por meios imaginários. Walter ganhou fama e muito dinheiro – como acontece com todos aqueles que conseguem personificar e encenar os anseios das massas por sentido e que conseguem um lugar ao sol no disputadíssimo meio da vida artística pública. Usou a astrologia como um objeto de cena para compor aquela persona mística, exótica e fascinante.

Sem a mente humana, as nuvens não ganham formatos e lirismo, mas continuam a ser pequenas gotas de água suspensas no ar. Os planetas não ganham personalidade e mitologia, mas continuam a ser corpos celestes que orbitam uma estrela. Nós não criamos esses fenômenos, mas é o nosso olhar que dá a eles a capacidade de se transformarem em espelhos que nos refletem e mapas que nos levam ao sentido do que nós somos. A astrologia é um conhecimento universal e pertence aos povos e a cada uma das pessoas que foram acrescentando, ao longo dos anos, linhas e mais linhas ao seu conteúdo.

Walter vestiu o simbolismo astrológico como uma de suas capas brilhantes e fez, dele próprio, um astro. A meu ver, um lindo feito. A mágica não está lá em cima, nas estrelas. A mágica está em nós.

 

Olivia Batista de Avelar. Professora de inglês, pós graduada em filosofia, apaixonada por cinema e escritora
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