Pelo quarto ano consecutivo, um evento organizado por um grupo de mulheres de Cachoeiro de Itapemirim traduziu na prática a essência do amor, que é fazer o bem sem querer nada em troca.
A IV Exposição de Bordados da Sala de Costura, realizada na quinta (29), reuniu mais de 400 peças de cama, mesa, banho e lembranças diversas para o natal, como blocos de anotações, cadernos e peças de decoração.
Os materiais em exposição são resultado de um ano de dedicação dessas mulheres, que se reúnem semanalmente para costurar e bordar com o objetivo de preparar as peças e angariar recursos para o lar de idosos “Adelson Rebello Moreira”.
A exposição foi realizada no centro da cidade, na casa de Wanildinha Moreira, uma das participantes do grupo de mulheres que realiza o trabalho voluntário na casa de acolhimento, que atende a 40 idosos.
A renda das vendas das peças é revertida para melhorias no local. Em 2017, foram aproximadamente R$ 10 mil arrecadados, valor que ajudou na construção do roupeiro do lar de idosos.
“É uma ação nobre. Elas se reúnem uma vez por semana lá no lar, na sala de costura, vão em carro próprio, doam a tarde inteira, além de levar vários serviços para fazer em casa. É um trabalho bonito, de doação”, disse a gerente administrativa do lar de idosos, Cíntia Melo Silva Gaspar.
As peças que não foram vendidas na exposição estão sendo levadas para o lar de idosos, onde continuam a mostra e disponíveis para venda.
A voluntária Gilvânia Borges lembra que tudo começou a partir de algumas mulheres que iam ao lar dos idosos, voluntariamente, para consertar as roupas. O espaço era apertado, então elas fizeram uma campanha e conseguiram construir uma sala de costura com máquinas.
Com o tempo, essas mulheres decidiram fazer peças para vender e angariar dinheiro para ajudar o asilo. A primeira exposição foi feita no próprio lar de idosos, mas como é muito longe e a estrada é de chão, elas conseguiram uma casa no Centro de Cachoeiro para fazer a mostra.
“Quem quiser participar pode se juntar a nós. Basta ligar para o abrigo e combinar. Mesmo quem não tem habilidade na costura ou no bordado pode ajudar”, destacou Gilvânia.
Lar de idosos Adelson Rebello Moreira
Fundado em 1974, o lar de idosos “Adelson Rebello Moreira” nasceu do sonho do ex-governador Aristides Campos, que na ocasião era médico e atendia na Santa Casa de Misericórdia.
Ele percebia que vários pacientes idosos carentes recebiam alta do hospital e não tinham para onde ir, pois eram abandonados por seus familiares.
“Meu avô percebia aquilo e perguntou para meu pai – o comerciante Adelson Rebello Moreira, que era genro de Aristides Campos – se ele não conseguiria fazer um asilo para receber aquelas pessoas”, lembrou a neta, Nívea Moreira Oliveira.
Aristides Campos sonhava com um lugar acolhedor para essas pessoas e chegou a fundar a Sociedade de Proteção à Velhice Desamparada de Cachoeiro. Faleceu com 56 anos sem ver seu sonho concretizado.
Adelson Rebello sentiu-se motivado e começou a colocar em prática o sonho do sogro. Conseguiu um terreno, que foi requerido ao Governo do Estado, e fez toda terraplanagem com recursos próprios e com a ajuda de amigos, concluindo a obra em 14 anos.