Um grupo de 55 mulheres de Cachoeiro de Itapemirim puderam conhecer as belezas de Arraial do Cabo, cidade turística da Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro e, de quebra, discutiram temas importantes sobre o enfrentamento à violência.
As mulheres são integrantes do projeto Ellas, de iniciativa da guarda municipal Denise Marçal Koppe, de Cachoeiro de Itapemirim.
O passeio foi um intercâmbio entre o grupo de Cachoeiro e a equipe da Patrulha Maria da Penha, coordenado pela Guarda Civil Municipal de Arraial do Cabo.
Depois do café da manhã, as mulheres fizeram a trilha da Praia Grande ao Pesqueiro. O subcomandante da Guarda, Willian e a superintendente da Mulher, Valéria Morreira dos Santos Mendes, estiveram presentes para conhecer o projeto.
As meninas capixabas puderam apreciar a bela paisagem de Arraial do Cabo, através da trilha, dos passeios de jardineira e passeio de barco até as ilhas. Também houve trocas de experiências e o assunto pautado foi sobre o enfrentamento à violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha e as redes de apoio.
Experiência em iniciativas de proteção à mulher
Atuando há 22 anos na Guarda Municipal, Denise conta que iniciou sua militância em ações de proteção à mulher na igreja. Como missionária, criava grupos para reflexões sobre diversos temas.
Mais adiante, ela criou o grupo Clube das Luluzinhas, onde mulheres se reuniam para conversar e fazer algumas ações sociais.
Em 2016, após fazer curso de Visitas Tranquilizadoras pela Secretaria de Segurança Pública, desenvolveu com o guarda municipal Silva o projeto Ronda de Apoio à Família (Rafa), que realizava visitas a mulheres que sofriam violência doméstica e familiar.
Como já existia uma iniciativa semelhante na Polícia Militar, o programa foi readaptado e o Rafa passou a ser um caminho de direcionamento às mulheres que precisavam de apoio.
“As mulheres nos procuravam e as orientávamos, mostrando o caminho a percorrer. Fizemos palestras, rodas de conversas e expandimos o trabalho para as escolas, junto com os responsáveis de cada unidade de ensino”, lembrou Denise.
Ela lembra que com o tempo foi criada uma parceria com as escolas para alunos de todas as idades que estavam com comportamento agressivos ou até mesmo apáticos, podendo ter relação com violência sofrida ou vivida dentro de casa, após assistir agressões entre os pais.
“A partir deste momento era feito um trabalho com esta criança e esta família. Levávamos também palestras para as salas de aula, com temas variados, mas principalmente sobre a Lei Maria da Penha”, comentou.
Com a pandemia do novo coronavírus, o projeto foi suspenso e acabou não retornando.
“Algumas mulheres que eu assistia no projeto continuaram a entrar em contato comigo, pediram para eu continuar, me ligavam de madrugada só para conversar e eu percebi que aquilo fazia bem para elas. Então resolvi criar um projeto pessoal e dar sequência ao trabalho que eu já fazia. Daí criei o projeto Ellas”, explicou.
Neste novo projeto, foram desenvolvidas ações em outras áreas, como no serviço social e as trilhas e caminhadas.
“Hoje, o projeto Ellas é onde me realizo. Pois ver os testemunhos de mulheres que participam dele me faz pensar que estou no caminho certo. Trabalhamos em grupo vários assuntos sobre a mulher e nas trilhas elas se sentem realizadas por ultrapassarem os limites do impossível. É fantástico”, comentou.